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Grupo de suporte financeiro-afetivo pede ajuda para ampliar e qualificar sua rede de apoio

A Boleto+1, que atua pelo Facebook, atende mulheres, pessoas trans e travestis em situação de vulnerabilidade social

21/07/2022 - 09h00min

Atualizada em: 21/07/2022 - 10h58min


Luis Fereirah / Reprodução
Da esquerda para a direita: as administradoras Priscila Guerra, Monique Prado, Caroline Falero e a moderadora, Cadine Morais

Criado logo no início da pandemia, o grupo Boleto+1, em um primeiro momento, tinha como objetivo apoiar financeiramente, de maneira remota, as mulheres, pessoas trans e travestis em vulnerabilidade social. Por meio do Facebook, voluntários pagam os boletos de pessoas desconhecidas que enfrentam dificuldades. Hoje, expandindo sua atuação, o projeto visa qualificar e ampliar a rede de apoio para suas beneficiárias, buscando a autonomia delas, o respeito e a inclusão. 

Para isso, as embaixadoras do movimento lançaram uma campanha de financiamento coletivo, contando com a ajuda da comunidade. 

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A Boleto+1 quer auxiliar seu público a voltar ao mercado de trabalho e administrar melhor suas finanças. Atualmente, para suas beneficiárias, a rede oferece, de forma gratuita, cursos online, como de biscuit – para uma alternativa de geração de renda –, de elaboração de currículos e de preparação para uma entrevista de emprego.

De acordo com a administradora Priscila Guerra, 42 anos, desde o início, a rede já atendeu mais de 3 mil pessoas e, por mês,  em média, cerca de 140 famílias são beneficiadas, com voluntários ajudando a pagar principalmente despesas de água, luz e gás.  

Ela conta que, toda semana, ocorre uma reunião do grupo de acolhimento psicológico, mediada por uma psicóloga, e um plantão jurídico, comandado pela própria Priscila, que é advogada. Ambos os grupos são exclusivos para quem faz parte da comunidade do Facebook, de forma virtual. Em média, 10 pessoas são atendidas em cada encontro, que dura cerca de uma hora e 30 minutos.

– É difícil manter todas essas atividades de maneira voluntária. A ideia do financiamento coletivo é, também, conseguir remunerar de forma justa os profissionais qualificados que nos trazem os conteúdos – diz Priscila.

A meta do financiamento coletivo é chegar a R$ 30 mil por mês. No momento, o grupo possui um pouco menos de 5% do valor estipulado.

Quase 60 mil participantes

Luis Fereirah / Reprodução
As médias mensais de arrecadação somam mais de R$ 10,5 mil em apoio financeiro

A distribuição de recursos prevê destinação da maior parte do dinheiro para os custos com a equipe (40,8% do valor), que envolve psicóloga, professores, três administradoras, uma moderadora e profissionais da comunicação. Logo atrás, com 34%, está a destinação mensal das cestas básicas digitais para as mais de 100 participantes mensais. Estas cestas estarão atreladas à participação em alguma das atividades oferecidas na comunidade.

O restante do valor será destinado às demais despesas da rede, além da taxa de 13% destinada à plataforma do financiamento.

A história do coletivo começou em março de 2020, quando ainda se tinha muitas dúvidas sobre o período pandêmico. Um fato preocupante era o de que mulheres em situação de vulnerabilidade, principalmente aquelas que não possuíam uma renda fixa, como as faxineiras e empregadas domésticas, ficariam sem um sustento durante o isolamento social. 

Trabalho

Pensando nisso, conhecidos se uniram e criaram o grupo privado Boleto+1, no Facebook.

– Alguém postava um boleto, e um ou mais voluntários ajudavam a pagar a conta. Assim é até hoje, mas, com pix, ficou mais fácil – conta Priscila.

Aos poucos, os pedidos foram  aumentando e se diversificando. Hoje, com quase 60 mil participantes, de diversos lugares do Brasil, além de pedir apoio com as despesas, também é possível divulgar trabalho. 

Para fazer uma publicação, é necessário descrever a situação e explicar como os demais membros podem ajudar. As solicitações são encaminhadas para aprovação das administradoras. 

Além disso, o controle dos apoios é fundamental para o funcionamento do grupo. O indicado é que cada pessoa que ajudou envie o comprovante ao e-mail boletomaisum@gmail.com. Atualmente, as médias mensais de arrecadação somam mais de R$ 10,5 mil em apoio financeiro.

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 “Gratificante”

Para a administradora Monique Prada, 49 anos:

- Fazer parte da Boleto +1 é extremamente gratificante. Minha experiência anterior era apoiar prostitutas que, com o fechamento dos estabelecimentos onde atuavam, precisavam de recursos para se alimentar e voltar para suas cidades de origem. Com nosso projeto, consegui ampliar essa atuação. Ouvimos diferentes histórias e conseguimos, muitas vezes, influenciar positivamente na vida dessas pessoas. 

Dentre essas pessoas, está a confeiteira Bruna Marx, 32 anos, de Porto Alegre. Ela conta que participa do grupo desde 2020, quando teve que pedir demissão de seu emprego para ficar com o filho, pois não havia creche disponível a ele e Bruna não tinha condições de pagar uma babá. De acordo com ela, no Início deste mês, precisou de um valor para ajudar a pagar o aluguel de sua casa:

- Me vi sem chão. A publicação foi aceita e, uma hora depois, eu já tinha conseguido o valor necessário.

Ela completa:

- O grupo é uma família. Lá a gente vê apoio, cria laços, amizade, carinho e eu divulgo os doces que faço. Hoje, eu sei que posso contar com o grupo, são  mulheres estendendo a mão uma para outra.

Acompanhe, ajude e seja ajudada

/// Você pode acompanhar a Boleto+1 tanto pelo Facebook quanto pelo Instagram: @boletomaisum, em ambas as redes sociais. 

/// Para participar do financiamento coletivo, acesse: bit.ly/apoieaboleto

/// Para fazer parte do grupo privado no Facebook, acesse: bit.ly/grupoboletomaisum. Nele, você preencherá um formulário, de acordo com as regras da comunidade. Assim, seu pedido será encaminhado para aprovação das administradoras.

/// Para divulgar seu trabalho no grupo, crie postagens atrativas, com informações de localização, descrição do trabalho ou serviço, contato, fotos e vídeos. 

/// Você pode fazer pedidos de apoio via pix ou indicando pagamento de boletos de até R$ 300. Conte um pouco sobre você e diga o que precisa. Pode fazer um pedido a cada 10 dias.

/// Se você é artista ou digital influencer e se interessou pela causa, pode gravar um vídeo de até um minuto, no celular, na posição horizontal, com a câmera parada, convidando o público a se engajar na campanha de financiamento coletivo. Divulgue e envie o vídeo aos canais de comunicação da Boleto+1.

Produção: Leonardo Bender



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