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Três a cinco anos

Perguntas e respostas: o que falta para a vacinação de crianças com a CoronaVac 

Inclusão do imunizante na campanha nacional contra a covid-19 depende de definições do Ministério da Saúde

14/07/2022 - 21h12min


GZH
Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo
Mateus Bruxel / Agencia RBS
Até o momento, no Brasil, a CoronaVac é aplicada em crianças a partir de seis anos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na quarta-feira (13), o uso emergencial da vacina contra a covid-19 CoronaVac para crianças de três a cinco anos. A inclusão do imunizante na campanha nacional contra a doença provocada pelo coronavírus depende, agora, de iniciativa do Ministério da Saúde.

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a pasta informa que "o Ministério da Saúde vai avaliar, junto à Câmara Técnica Assessora em Imunizações, o uso do imunizante nesta faixa etária". A reportagem aguarda retorno sobre outros questionamentos, como uma previsão de prazo para que isso aconteça.

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No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) disse que espera as orientações do governo federal. Em relação aos estoques de CoronaVac, a SES respondeu que o ministério encaminha as doses de acordo com o público elegível para vacinação. 

Dispensando o aval do ministério, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou que a prefeitura começará a vacinar esse público a partir desta sexta-feira (15). O calendário prevê divisão por grupos de três e quatro anos.  

Até o momento, a CoronaVac é aplicada em crianças a partir de seis anos. O público de cinco anos pode receber o imunizante da Pfizer.

Confira, a seguir, um resumo sobre o que se sabe, até agora, a respeito da autorização da Anvisa e da utilização da CoronaVac no Brasil e em outros países.

Perguntas e respostas

O que foi definido na reunião da Diretoria Colegiada da Anvisa? 
Por unanimidade, os cinco diretores aprovaram o uso emergencial da vacina CoronaVac em crianças de três a cinco anos. A decisão foi tomada durante reunião extraordinária na tarde de quarta-feira (13), em que foram apresentados resultados de quatro estudos sobre o uso do imunizante nessa faixa etária. A CoronaVac já é usada, no Brasil, no público a partir de seis anos. 

No que a decisão se baseou? 
Após a apresentação de especialistas externos, profissionais da área técnica da Anvisa falaram sobre pesquisas do imunizante e deram parecer favorável à aplicação em crianças de três a cinco anos. "A totalidade das evidências científicas disponíveis sugere que há indicativos de benefícios para utilização da vacina na população pediátrica", diz o material divulgado na reunião. Por fim, os diretores da Anvisa votaram e aprovaram a liberação da CoronaVac para o grupo etário. 

Em seu voto, Meiruze Freitas, diretora-relatora, afirmou: 

— Acredito que, devido ao histórico de uso extensivo da vacina CoronaVac em crianças de três a 17 anos na China e no Chile, em crianças e adolescentes de seis a 17 anos no Brasil, entre outros países, sem que tenham surgido alertas de segurança, considero que os gestores de saúde, com base na análise da circulação viral e das necessidades de saúde pública, podem orientar a vacinação com a CoronaVac em crianças a partir dos três anos de idade, principalmente na população de maior risco e vulnerabilidade. Pela totalidade das evidências, concluo que os benefícios conhecidos e potenciais da vacina CoronaVac superam seus riscos para ampliar a aplicação da vacina em crianças com três anos ou mais.

De acordo com o Instituto Butantan, fabricante da vacina em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, pesquisa realizada no Chile com 500 mil crianças e publicada na revista científica Nature, mostrou que o imunizante ofereceu proteção de 69% contra internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e 64,6% contra hospitalização por covid-19. 

Existe uma versão infantil desse imunizante? 
Não. A formulação é a mesma do que é aplicado em crianças e adolescentes entre seis e 17 anos e adultos acima de 18 anos. 

Quantas doses são indicadas e com que intervalo? 
O esquema previsto é de duas doses, com intervalo de 28 dias entre elas, como o de outras faixas etárias. 

E as crianças imunossuprimidas? 
Os diretores chegaram a definir, na reunião, que a vacina não deveria ser aplicada em crianças imunossuprimidas (com problemas no sistema de defesas do organismo) de três a cinco anos, mas, ao final do encontro, voltaram atrás e decidiram autorizar o uso também para esse público específico. Considerou-se que não há opção — para crianças imunossuprimidas de cinco anos ou mais, recomenda-se a utilização do imunizante pediátrico da Pfizer. Gustavo Mendes Lima Santos, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira (14), orientou que esses pacientes procurem orientação médica para mais detalhes sobre cada caso.  

É possível que ocorram reações adversas?
Segundo a área técnica da Anvisa, a Coronavac apresenta baixo volume de reações adversas para a faixa etária pediátrica. Quando há alguma reação, na maioria das vezes, é leve. Nesses casos, o paciente pode apresentar vermelhidão no braço, dor no local da aplicação e cansaço. As reações são as mesmas que as registradas nos adultos e nas crianças de outras faixas etárias que já estão autorizadas a tomar o imunizante. 

O que deve acontecer a partir de agora? 
O Ministério da Saúde deve definir o que será feito. Contatada pela reportagem de GZH, a assessoria de imprensa da pasta se limitou a enviar uma breve nota: “O Ministério da Saúde vai avaliar, junto à Câmara Técnica Assessora em Imunizações, o uso do imunizante nesta faixa etária”. Todas as orientações sobre a campanha de vacinação são repassadas do governo federal a Estados e municípios, que se organizam localmente. 

No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) disse que espera as orientações do governo federal. Em relação aos estoques de CoronaVac, a SES respondeu que o ministério encaminha as doses de acordo com o público elegível para vacinação.

Quais cidades brasileiras já estão aplicando a CoronaVac em crianças de três a cinco anos?Até a manhã de quinta-feira, o Rio de Janeiro era a única cidade que tinha anunciado o início da imunização contra covid-19 para crianças de três e quatro anos utilizando a CoronaVac. A cidade começará a vacinação de crianças de quatro anos na sexta-feira (15) e se estende até terça-feira (19). Já a faixa etária de três anos será contemplada entre os dias 20 e 23 de julho. 

A produção de CoronaVac foi suspensa pelo Instituto Butantan. Haverá vacinas para as crianças de três a cinco anos?
O Butantan interrompeu a fabricação por falta de pedidos. Em nota divulgada na quarta-feira (13), após o anúncio da Anvisa, o instituto informou que "espera agora que o imunizante seja incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, de acordo com a demanda necessária e mediante contratação".  O texto diz ainda que "a CoronaVac atendeu às necessidades do povo brasileiro nos momentos mais críticos da pandemia de covid-19, sendo o primeiro imunizante a ser aplicado no país e nas populações mais vulneráveis naquele contexto, os idosos e profissionais da saúde. Agora, a vacina poderá ser novamente utilizada para proteção dos mais expostos ao sars-cov-2 – especialmente com a circulação de novas variantes mais transmissíveis da ômicron, que têm causado aumento de casos no Brasil". 

Quantas crianças poderão ser vacinadas quando houver liberação para início desta etapa da campanha? 
A projeção é de que mais de 5,9 milhões de crianças de três a cinco estejam aptas a se imunizar contra a covid-19 no Brasil, sendo cerca de 420 mil no Rio Grande do Sul. 

Qual o histórico da CoronaVac no Brasil? 
O pedido para utilização na faixa etária de três a cinco anos foi feito pelo Instituto Butantan em março deste ano. O imunizante está liberado para uso emergencial no Brasil desde janeiro de 2021 para pessoas a partir de 18 anos. A CoronaVac foi a primeira vacina contra a covid-19 autorizada e utilizada no país. Em janeiro deste ano, o uso da vacina foi autorizado para crianças e adolescentes de seis a 17 anos.

Em abril, o Butantan solicitou à Anvisa a inclusão da previsão de dose de reforço para a CoronaVac. O pedido, conforme a agência, está em análise e depende da apresentação de dados e informações complementares. Neste mês, o instituto encaminhou outra demanda, que também aguarda análise: o de registro definitivo para a CoronaVac no país.

Que países aplicam a CoronaVac em crianças de três a cinco anos?
O Chile utiliza o imunizante em crianças dessa faixa etária desde dezembro de 2021. China, Colômbia, Tailândia, Camboja, Equador e o território autônomo de Hong Kong também já administram a vacina em crianças de três anos ou mais.

Que outras vacinas contra a covid-19 já são aplicadas em crianças no Brasil?
A própria Coronavac está liberada desde janeiro para crianças e adolescentes entre seis e 17 anos. A dose pediátrica da Pfizer foi autorizada pela Anvisa, também no começo deste ano, para crianças acima de cinco anos. 

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