Polícia



Guerra do tráfico

Sobrinho de Paulão é executado na Vila Maria da Conceição

A guerra pelo comando das bocas de fumo na Vila Maria da Conceição faz mais uma morte. Leandro da Silva Couto, o Cabeção, foi executado no sábado

25/11/2013 - 09h02min

Atualizada em: 25/11/2013 - 09h02min


A guerra pelo poder no tráfico da Vila Maria da Conceição, no Bairro Partenon, Zona Leste da Capital, derrubou mais um integrante da família do traficante Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão da Conceição. Desta vez, o sobrinho dele, Leandro da Silva Couto, o Cabeção, 29 anos, foi executado com pelo menos dez tiros de pistola 9mm e, provavelmente, com um golpe de machadinha na cabeça.

O crime aconteceu na Rua Paulino Azurenha, onde, supostamente, Cabeção gerenciava pontos de tráfico da vila. As circunstâncias do crime, no entanto, ainda são nebulosas para a polícia.

Vítima chegou a ser socorrida

Depois do alerta à Brigada Militar sobre um tiroteio na vila, por volta das 22h30min de sábado, Cabeção teria sido socorrido por populares e deixado no HPS, já sem vida.

De acordo com investigadores da 1ª DHPP, ainda não está claro qual era o atual papel dele. Isso porque, no começo do ano, houve um racha entre os traficantes na disputa pelo controle dos pontos da vila. Com antecedentes por tráfico e porte ilegal de arma, era apontado como o responsável por bocas de fumo ao longo da Paulino Azurenha.

Suposta aliança com rivais

Há alguns meses, Cabeção teria sido alvo de uma tentativa de homicídio. Uma das hipóteses da polícia é de que tenha sido uma queima de arquivo. Ele seria testemunha de uma morte ocorrida na vila este ano.

Outra linha de investigação, no entanto, relaciona Cabeção com os atuais rivais de Paulão da Conceição. Informações não confirmadas pela polícia ligariam Cabeção à
morte do enteado de Paulão, Carlos Maurício Silva Rabelini, o Boquinha, em maio.

Fim da calmaria, voltam os tiroteios

O clima entre as vielas da Conceição era tenso desde a tarde de sábado. Os moradores sabiam que algo estava para acontecer, com autorização do comando do tráfico local. Houve mais de um tiroteio em poucas horas. O objetivo era vingar mortes recentes.

Depois de três meses de calmaria, desde o começo de novembro o fogo cruzado voltou a fazer parte da rotina, com pelo menos dois episódios de extrema violência antes da morte de Cabeção.

Primeiro, Édison Marcelo de Jesus Ferreira, o Mick Jagger - um dos antigos aliados do Paulão -, foi morto com mais de 20 tiros por um bando encapuzadoem sua casa, no
Bairro Teresópolis. Depois, Sílvio César Rodrigues Quadrado - outro veterano traficante local - foi atingido por dez tiros de pistola 9mm quase em frente à quadra da Academia Samba Puro. Gravemente ferido, segue hospitalizado.

Apoio vem de fora da vila

Em agosto, com a prisão de Vladimir Cardoso Soares, o Xu, a polícia julgava estar perto de neutralizar todas as lideranças da guerra iniciada ainda em 2012. Os casos
recentes, ainda sem solução, porém, engrossam o caldo de suspeitas envolvendo os
desdobramentos do conflito.

Pelo menos duas investigações, da 1ª DHPP e da 4ª DHPP, por exemplo, apuram a influência de traficantes da Restinga nas disputas pelos pontos mais lucrativos do tráfico da Capital.

A GUERRA DA CONCEIÇÃO

- Paulão da Conceição montou um império de drogas que chega a render até R$ 1,2 milhão por mês. Ele está preso na Pasc desde 2010, mas, do presídio, tenta manter o
controle de seu império.

- Em junho de 2012, com a execução de Juvenil Marques de Souza Junior, o Juvenil, considerado até então o gerente de maior confiança de Paulão na vila, a quadrilha teria entrado em uma crise de comando. Pelo menos quatro mortes no ano passado evidenciaram o descontrole e o racha interno no bando.

- Em maio deste ano, o fortalecimento de rivais internos de Paulão atingiu seu ápice. Com o objetivo de quebrar a base de comando da quadrilha, no intervalo de dois meses, cinco pessoas - todas ligadas diretamente ao comando do tráfico local -
foram executadas. Ao menos dois deles eram parentes diretos de Paulão.

- A crise nas bocas repercutiu nas cadeias, e uma divisão de forças entre as facções começou a ser desenhada. De um lado, os aliados do Paulão da Conceição aproximam-se dos Manos. De outro, os Abertos aproximam-se dos Bala na Cara.

- Em agosto, Xu, antigo gerente de Paulão, considerado o principal articulador do
racha na facção, foi preso. Tetão e Colete, seus principais aliados, haviam sido presos em junho. A guerra esfriou, mas a polícia segue no rastro dos principais "sócios" dos revoltosos.

- No começo de novembro, Mick Jagger, outro antigo aliado de Paulão, foi brutalmente assassinado na Zona Sul, e o clima de tensão voltou à Vila Maria da Conceição.


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