Mapa das mortes
Cidades sem delegacias especializadas apresentam aumento expressivo nos homicídios
Levantamento do DG aponta alta nos índices de Guaíba, Cachoeirinha e Sapucaia do Sul
Guaíba, Cachoeirinha e Sapucaia do Sul. Em comum, os três municípios, entre os principais da Região Metropolitana, não foram contemplados com as criações das delegacias especializadas em homicídios. No primeiro semestre deste ano, eles também compartilham da estatística negativa. Nos três, houve aumento expressivo no número de assassinatos.
Em Guaíba, triplicaram os homicídios em relação ao primeiro semestre de 2014. O motivo, de acordo com a delegada Sabrina Dóris Teixeira, é complexo.
- As relações do tráfico de drogas predominam nas investigações, mas o que levou a mais mortes vai desde o aumento da ousadia desses criminosos até a movimentação nas áreas onde há o tráfico - aponta a delegada.
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São os casos das mortes entre os bairros Cohab e Santa Rita. Desde as mortes de dois adolescentes no começo de março, a polícia investiga uma série de crimes de vingança entre grupos rivais.
- E cada vez que um morre, há também os interesses em tomar aqueles pontos - explica Sabrina.
A dinâmica é semelhante em Cachoeirinha e Sapucaia do Sul, onde os crimes de homicídios correspondem a cerca de 10% do total de inquéritos sob investigação.
"Fingimos que fazemos segurança"
Nova Santa Rita tem porte de cidade do Interior, com apenas 25 mil habitantes, mas os números da criminalidade estão longe de representar calmaria. Nos primeiros seis meses do ano, a polícia contabiliza nove homicídios. Mais de quatro vezes superior aos dois do mesmo período no ano passado. E a tendência, como admite o titular da delegacia local, não é nada animadora.
- A verdade é que nós estamos fingindo que fazemos segurança - critica o delegado Ireno Schulz.
É que, até dois meses atrás, a delegacia contava com apenas um funcionário na investigação, com a ingrata missão de responder a uma média de dez ocorrências de crimes sem autoria diariamente. Isso sem contar a necessidade de investigação das denúncias que chegam à polícia. Agora, um agente da última turma de formandos chegou à DP, mas a realidade pouco mudou.
- São excelentes profissionais, mas é humanamente impossível dar uma resposta à sociedade dessa maneira - desabafa o delegado.
Segundo ele, somente dois dos nove assassinatos foram solucionados este ano. Em ambos os casos não foram necessárias longas diligências. O pior é impedir a causa de tantas mortes.
- Somos um município com uma área muito grande e vizinhos de Canoas, onde há muitas quadrilhas de tráfico de drogas. Alguns desses criminosos migram para cá e trazem consigo essas diferenças. Nós sabemos que eles estão criando pontos em Nova Santa Rita, mas como investigar esses lugares? - desafia Ireno Schulz.
*Diário Gaúcho