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Chacina

Como a investigação fechou o cerco ao suspeito de chacina na Restinga

Em uma semana de apurações, dados coletados pelos investigadores e pelos peritos derrubaram álibis apresentados pelo único suspeito de matar a facadas quatro pessoas

14/08/2015 - 16h42min

Atualizada em: 14/08/2015 - 16h42min


Entre o bárbaro assassinato de três mulheres e uma criança de uma mesma família no Bairro Restinga, Zona Sul de Porto Alegre, na madrugada do último sábado, até a decisão da polícia, nesta sexta, de indiciar o principal suspeito, Claudiomiro do Nascimento da Rosa, 24 anos, os investigadores e peritos conseguiram elaborar uma teia para chegar à solução do crime.

Polícia vai indiciar suspeito de chacina na Restinga

O resultado foi a convicção da autoria do crime por motivação passional. Para a polícia, Claudiomar executou o crime por não suportar o fim do relacionamento com Lauren Fim, 26 anos. Nesta sexta, foi solicitada a prisão preventiva do suspeito. O inquérito, no entanto, ainda não foi encerrado. O Departamento de Homicídios ainda aguarda o término de alguns laudos periciais.

Quem eram os quatro mortos em crime na Restinga

- Não temos nenhuma dúvida sobre a autoria do crime - define o diretor do departamento, delegado Paulo Grillo.

Lauren Fim foi morta junto com a mãe, Sandra Regina Fim, 64 anos, o filho, Gregory Fim, seis anos, e a sobrinha, Vitória Fim, 17 anos, a facadas e golpes provavelmente com cacos de vidro. As quatro vítimas tiveram cortes profundos no pescoço.

Um crime desconstruído



As ameaças

Descontente com o fim do relacionamento há cerca de três meses, Claudiomar tentava uma reaproximação e insistia em ligações e mensagens para Lauren. Uma semana antes de ser morta, ela não aguentou e enviou para a atual namorada dele as mensagens que mostravam o cerco que sofria. O namoro dele acabou e Claudiomar direcionou o ódio à Lauren. Ameaças foram feitas pelas redes sociais, mas, na quinta, dia 6, os dois se reaproximam. Ele dormiu na casa dela.

O crime
Por volta das 2h30min de sábado, vizinhos escutam gritos que pareciam uma discussão familiar. O barulho logo para. A polícia acredita que, neste momento, Claudiomar tenha matado, em sequência, Lauren, Sandra e o menino Gregory. Vitória teria sido a última a ser morta, por volta das 5h, quando chegou de uma festa.

Os vizinhos perceberam por volta das 5h30min um princípio de incêndio e acionaram os bombeiros. Eles evitaram que a casa incendiasse.



O álibi derrubado
Ouvido pela polícia, Claudiomar garante que não estava na casa da família na noite dos fatos. Dizia estar em uma casa de prostituição do Centro. A polícia apurou, no entanto, que o local fechava à meia-noite, e que ele não foi visto por lá. Em contrapartida, câmeras de segurança do Barra Shopping, onde Lauren trabalhava, mostram os dois se encontrando no horário de saída dela.

As pistas no telefone

A quebra de sigilo telefônico mostra que, ao invés de se deslocar para o Centro, Claudiomar seguiu fez o trajeto entre os bairros Cristal, Cavalhada e Vila Nova, em direção à Zona Sul. Na casa da família, às 21h56min, ainda fez uma ligação com o telefone de Sandra Regina.

Por volta das 0h30min de sábado, Lauren ainda teria conversado por telefone com uma amiga dizendo que não sairia naquela noite por estar com ele. Outro telefonema, de Vitória com outra amiga, confirmaria a presença dele no local.

Os vestígios
Peritos confirmaram a comparação positiva das digitais encontradas em uma caixinha de papel usada como tocha para tentar incendiar a casa com as de Claudiomar.



Há ainda sangue encontrado pela casa que será submetido a exames periciais. Pelo menos uma digital ensanguentada também é comparada com o DNA dele.

A criação de álibis

Por volta das 4h de sábado, quando Lauren supostamente já estava morta, há uma atualização no seu perfil do Facebook.



Do telefone dela, também parte uma mensagem para a atual namorada de Claudiomar. Dizia: "Você foi trouxa de brigar com ele. Ele gosta é de você, não vai ficar mais comigo".

Passava das 7h quando Claudiomar chega a um hotel no Centro. As imagens das câmeras de monitoramento (acima) mostram os ferimentos nas mãos dele. Ficou ali até depois das 9h. Saiu com um recibo, apresentado dias depois à polícia. 

As vitimas

Sandra Regina Fim, 64 anos
Mãe de cinco filhos, dentre eles, Lauren, dedicava a maior parte do tempo à família. Natural de Porto Alegre, foi enfermeira na Santa Casa e em clínicas particulares e, no momento, estava aposentada. Nas últimas férias de julho, passou cerca de uma semana com o neto Gregory em Bento Gonçalves na casa de um dos filhos, que viajou a Porto Alegre assim que foi informado do crime.

Lauren Fim, 26 anos
Mãe dedicada, fazia tudo para agradar o filho, Gregory, segundo a ex-cunhada Isabel Silva. Trabalhava como atendente em uma loja do aeroporto Salgado Filho. Conforme Isabel, mantinha um bom relacionamento com o pai da criança.




Vitória Fim Rodrigues, 17 anos
A jovem, que faria 18 anos neste domingo, era neta de Sandra. Trabalhava há dois anos em uma lanchonete de um shopping na Zona Sul e havia sido promovida a gerente. Morava com a tia Lauren no local há dois meses e, juntas, compravam itens para mobiliar a casa.

Gregory Fim, 6 anos
Apaixonado por videogame e pelo Homem-Aranha, o menino era filho de Lauren e completaria 7 anos no próximo dia 18. Para comemorar a data, Lauren e Isabel, irmã do pai do menino, planejavam levá-lo ao cinema para assistir Minions e depois cantariam parabéns com um bolo. A avó já havia comprado a roupa para o menino usar no dia.



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