Planeta Moto
Ele só não usa a moto para dormir
Em visita à fábrica da Traxx em Manaus, o Diário Gaúcho descobriu Max, um paraense que une o gosto por motos com o trabalho
Pouco mais de 300km, o equivalente à distância entre Porto Alegre e Passo Fundo, município da Região Norte do Rio Grande do Sul.
Esta é a soma de quilometragem que o paraense Max Darlan Rodrigues da Silva, 25 anos, percorre diariamente - somando o trabalho que desenvolve na fábrica da Traxx, em Manaus, e o deslocamento pessoal na moto que possui.
Max é um dos 120 funcionários que atuam na empresa chinesa em Manaus e está entre os 35 que trabalham na linha de montagem.
A convite da Traxx, o Diário Gaúcho foi conferir de perto o funcionamento da fábrica, instalada no Brasil em 2008 e que, agora, está lançando modelos de 150cc e 250cc, de olho no mercado do Sul e Sudeste do país. Hoje, produz 160 motocicletas por dia.
Natural de Óbidos (PA), Max tem uma das principais tarefas da fábrica: testar as motos após a montagem para identificar possíveis falhas no motor, na suspensão. De todos os veículos testados, 4% retornam à linha de montagem para nova regulagem.
Enquanto examina cada moto, Max percorre 5km sobre uma estrutura fixa. O normal, por dia, é fazer 50 testes.
Para chegar e sair do trabalho, ele escolheu usar também uma moto. Comprou uma da concorrência "só porque, na época, a Traxx ainda não fabricava motos mais potentes": Max tem uma Titan 150cc, da Honda, adquirida em 2010. E a mesma moto roda mais 40km todos os dias para percorrer o trajeto de ida e volta ao curso de eletrotécnico que está fazendo.
No somatório, 306km em cima da sua magrela, todos os dias. Se fica desgastado?
- Chega a doer o punho de tanto acelerar - diverte-se o testador de motos.
Galgando outros degraus
A inquietação que o estimula a estar sempre sobre duas rodas também faz de Max um sonhador em busca de concretizar o que deseja.
Saiu aos 18 anos da cidade de Óbidos, no Oeste do Pará - de onde só se vai a Belém ou Manaus de barco ou de avião, como acontece em diversas cidades da região amazônica.
O objetivo era conquistar um bom emprego na cidade grande, já que a pequena Óbidos, de cerca de 50 mil habitantes, não oferecia muitas opções. Em Manaus, Max se preparou justamente para conquistar uma vaga na fábrica da Traxx: fez cursos de metrologia, de mecânica de motos e tirou carteira de habilitação na categoria A.
Entregou currículo e foi contratado na montagem de motores. Dois anos depois, veio a promoção para testador.
- Era a área para a qual eu queria ir, acho a mais importante da fábrica. Agora, comecei o curso de eletrotécnico porque quero trabalhar na área de elétrica, também na indústria - conta.
A grande parceira das voltas de moto é a namorada, de 22 anos. Ela quer aprender a pilotar, conta ele, que não quer ensinar.
- É muito perigoso - justifica, ironicamente.
Amizade dos chineses é diferente
Líder de embalagem, o manauara Fábio Araújo Bezerra de Oliveira, 41 anos (foto acima), foi contratado na fábrica logo que ela foi inaugurada, em 2008.
- Os chineses montavam as motos no chão - lembra.
Hoje, orgulha-se do cargo de chefia e confidencia que, com a exceção de chineses, que já faziam parte da indústria na China, todos os chefes da fábrica são funcionários que entraram em cargos operacionais e foram promovidos.
- A amizade dos chineses é diferente, eles têm muito para nos ensinar. Todos se ajudam e trazem esse espírito para o dia a dia de trabalho. Até o presidente da empresa é acessível - afirma Fábio, contando que trabalhou em outra fábrica liderada por chineses em Manaus, a LG, e já percebia o clima de colaboração entre todos.
- Espero me aposentar por aqui - finaliza.
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