Saúde pública
Pacientes enfrentam transtornos para retirar medicamentos na farmácia do Estado
Família do Bairro Sarandi está desde setembro sem conseguir uma dieta especial para Jair, que é acamado e sofre mal de Alzheimer. Questionada, Secretaria não consegue justificar o problema
Pacientes que dependem de medicamentos da farmácia do Estado estão, mais uma vez, enfrentando dificuldade para retirá-los. Desde setembro, a auxiliar de produção, Carla Setzer, 49 anos, não consegue uma dieta especial para o tio, Jair Lopes Xarão, 84 anos, que é acamado e sofre de mal de Alzheimer.
Ele consome 36 litros do produto por mês sendo que cada caixa custa R$ 20, o que resulta em um gasto de R$ 720 mensais à família que vive no Bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre.
- Meu tio tem 84 anos e depende disso para sobreviver, ele já teve AVC (Acidente Vascular Cerebral) três vezes. A última vez que consegui pegar a dieta foi em 19 de agosto, em 19 de setembro me disseram que não tinha e nem tinha previsão de vir. Estou ligando todos os dias. Esta semana me disseram que já tinha chegado, mas fui lá e tinha acabado novamente, não aguento mais.
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Emergencialmente, a família conseguiu uma caixa com 12, ao custo de R$ 300, mas que termina na semana que vem. Até lá, a espera será angustiante para a família.
Transplantada não consegue retirar medicamento desde outubro
A dona de casa, Eloni Schmidt, 66 anos, enfrenta um drama semelhante. Com rim transplantado há 40 anos, ela depende de um remédio para não ter complicações no órgão. Em 3 de outubro, quando foi buscar os comprimidos foi surpreendida com a falta do medicamento.
- Fazia uns três anos que não dava problema, agora disseram que só para fevereiro porque não tem dinheiro, mas sem ele vou perder meu rim.
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Insistente, não deixou de ir no começo de novembro na farmácia, mas continuou de mãos vazias. Sem alternativa, recorre a ajuda da sua médica, que consegue algumas doses, já que não pode ficar nenhum dia sem dois comprimidos. Uma caixa do remédio custa mais de R$ 2 mil.
DG foi até a farmácia
Na quarta-feira, por volta das 11h, o Diário Gaúcho foi até a frente da farmácia do Estado, na Avenida Borges de Medeiros e conversou, informalmente, com sete pessoas que saiam do local. Cinco delas conseguiram retirar remédios, uma não tinha a documentação necessária e a outra buscava a dieta de alimentação especial e foi informada da falta.
O QUE DIZ A SECRETARIA DA SAÚDE
O Diário Gaúcho fez contato com a Secretaria Estadual da Saúde, por meio da Assessoria de Imprensa, na quarta-feira de manhã e até a tarde de ontem não havia recebido um comunicado oficial com as justificativas do atraso nas entregas dos medicamentos na farmácia do Estado.
Informalmente, porém, a secretaria assume que não é incomum que existam atrasos, com isso alguns medicamentos não estão disponíveis na data em que está agendada a entrega ao paciente. De forma vaga, foi informado à reportagem que há suprimentos alimentares que estão com a entrega fora do prazo.
Por enquanto, a secretaria informa apenas que receberá a dieta líquida enteral hipercalórica 1,5kcal em oito dias (a contar da última quarta-feira).
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