Qualquer relação de compra e venda está sujeita às crises de mercado. Existem duas leis que determinam os rumos de qualquer empreendimento: oferta e procura. Se há clientes para um produto, o mercado vai bem. Se não há, vai mal.

O tráfico de drogas é uma relação de negócio - ilegal, mas é. Hoje, quem tem boca vive uma crise. Primeiro, porque os clientes, no caso os usuários, migraram para outros produtos, como as balinhas e outras drogas sintéticas produzidas e distribuídas pelos próprios playboys.

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Outro fator que abalou foi que o atendimento delivery, na porta de casa, que eliminou o esforço do cliente ter que ir buscar a droga. Muitos traficantes compraram motos para atender aos pedidos feitos pelo WhatsApp ou Facebook, mas essa reestruturação ficou muito cara.

Fora que muitos funcionários dispensados pela falta de clientes viram concorrentes, e a guerra das vendas vai para as vias de fato. No tráfico, não existe a falência, ou seja, mata-se para tomar a boca: este é o principal motivo das guerras de tráfico no Estado. A falta de clientes, o surgimento de novos fornecedores, o alto custo da folha de pagamento e a manutenção das relações de isenções de aplicação do Código Penal, o famoso arrego, geram para o traficante uma conta que não fecha.

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A solução é começar a permitir que os funcionários busquem seu sustento em outros ramos, como roubo a pedestres, veículos e sequestro-relâmpago - esta é a parte da crise que nos afeta. Quando os traficantes fazem isso e aumentam a violência, a polícia é pressionada a resolver. Invadem a quebrada e, no fim das contas, os narcoempreendedores saem perdendo do mesmo jeito. Para quem estava pensando em virar bandido, não vire: a boca tá em crise.

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