Seu problema é nosso
Roger salvou a vida do sobrinho durante incêndio em Alvorada. Agora, a família precisa de ajuda
Roger Fortes Nicolau, 14 anos, resgatou o sobrinho de nove meses, mas perdeu a irmã de 16 anos em tragédia que destruiu três casas no Bairro Nova Americana
Quase três meses depois de um incêndio que consumiu três casas e causou a morte da adolescente Bianca Fortes Nicolau, 16 anos, no Bairro Nova Americana, em Alvorada, a família da menina conta com a solidariedade para se reerguer.
Em uma das residências, viviam os irmãos Karen Fortes Nicolau, 18 anos, Bianca, Roger, 14 anos, e o filho de Karen, Pedro, de apenas nove meses, resgatado pelo tio em meio às chamas. Karen saiu de manhã cedo para ir ao mercado e deixou o ventilador ligado no quarto onde o bebê dormia.
Segundo a perícia, um curto-circuito no aparelho causou o incêndio que, em menos de dez minutos, destruiu tudo.
– Voltando do mercado, percebi uma movimentação grande na minha rua. Muita fumaça, fogo alto. Me desesperei e corri para ver. Quando percebi que o incêndio era na minha casa, desmaiei. Pensei que todos tivessem morrido – relembra Karen.
Sequelas
Além da perda da irmã, Karen ainda sofre as consequências das queimaduras no pequeno Pedro. O bebê teve 25% do corpo atingido pelo fogo, principalmente no rosto. Ele passou por 12 cirurgias e, provavelmente, terá de fazer outras para diminuir as sequelas.
– Eu pensei que ele fosse ficar bem depois de todas essas operações, mas agora a mão dele está entortando, e o olho, fechando – lamenta a mãe.
No dia 4, Karen levou Pedrinho ao Hospital de Clínicas, em Porto Alegre. Após ser examinado pelos médicos, o bebê foi encaminhado para fazer as cirurgias no braço e na face. A previsão é que ele seja internado nesta semana.
– Depois de tanta desgraça, estou otimista. Agora as coisas vão dar certo – diz.
Atitude
A história de Pedrinho é surpreendente. O menino foi resgatado pelo tio Roger que, corajosamente arriscou-se para salvá-lo quando ouviu o choro no quarto ao lado. Naquela triste manhã do dia 5 de janeiro, todos dormiam no local, inclusive um amigo de Roger, que havia passado a noite na casa da família. Ele foi o primeiro a acordar com o barulho do fogo queimando no quarto e o cheiro da fumaça. O amigo, então, correu para acordar Roger e Bianca.
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Os dois meninos foram em direção à porta da casa mas, no caminho, Roger ouviu o sobrinho chorando e voltou. Ele arrombou a porta do quarto do bebê, que estava em chamas, o pegou nos braços e correu para a rua pedindo socorro.
– Eu não podia deixar o Pedrinho lá. Quando ouvi o choro dele saí correndo e nem senti o fogo, só queria tirar meu sobrinho da casa.
Depois, quando estava lá fora com ele, é que eu vi o meu braço queimado porque me joguei para cima da porta – relata.
Salmo 102
Infelizmente, Bianca não teve a mesma sorte que a criança. Mesmo sendo acordada pelo amigo, eles acreditam que ela tenha voltado a dormir e acabou morrendo por inalar muita fumaça.
– A gente sempre brincava de acordar um ao outro. Acho que a Bianca imaginou que estivéssemos brincando sobre o que estava acontecendo e acabou pegando no sono novamente. Eu estava certo de que ela tinha saído da casa – conta Roger.
Bianca foi encontrada na mesma posição em que dormia. Na madrugada da sua morte, a jovem publicou no Facebook a mensagem: "se você tem Deus, o resto é detalhe".
– Parece que a minha irmã sabia o que ia acontecer. Ao lado do corpo dela encontraram uma Bíblia queimada. Apenas a página do salmo 102 estava inteira. Isso pode ser um sinal. Eu acredito que ela esteja bem e olhando por nós – relata Karen, emocionada.
Necessidades
Karen, Roger e Pedrinho precisam de um novo lar para recomeçar a vida. Estão morando provisoriamente na casa de familiares, mas querem de volta um cantinho só deles para Pedrinho ter um espaço maior e recuperar-se do trauma.
– Recebemos algumas doações, mas ainda falta muita coisa porque perdemos tudo. E também me preocupo demais com o tratamento do Pedrinho. Depois de fazer as outras cirurgias, ele vai precisar de sessões de fisioterapia para ficar bem – diz a mãe.
Além dos problemas no olho e no braço, o bebê ficou com uma grande cicatriz no rosto. Karen se preocupa com a recuperação do filho e teme o preconceito.
– Já que eu não vou ter a vida da minha irmã de volta, pelo menos, quero ver o meu filho bem e feliz. Não quero que ele sofra no futuro. Tem muita gente preconceituosa e não gostaria que ele passasse por outro trauma mais tarde – explica.
Para ajudar a família ligue para os telefones (51) 8467-0424 ou (51) 8023-6296 ou deposite sua contribuição na conta da irmã da Karen, Vanessa Fortes Cristani:
Caixa Econômica Federal
Agência 3461
Operação 013
Conta Poupança 00001650-8
Se você for fazer depósito online e precisar do CPF da Vanessa, entre em contato com ela através do celular 8467-0424.
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