Em casa
Menino que morou em hospital: Roger começa a se adaptar à nova vida
Uma semana depois de se mudar para a casa da família, Roger Inácio Dutra da Silva, nove anos, perdeu o pai
Os primeiros dez dias de Roger Inácio Dutra da Silva, nove anos, na casa da família, em Canoas, serviram para o menino começar a se adaptar à nova vida, depois de ter morado sempre em hospitais. Um dos únicos passeios que fez ao lado da mãe, Eva Flores Dutra, 48 anos, foi ir ao cabeleireiro para mudar o visual usado durante todo o período em que esteve internado.
Com síndrome de down e doença de Hirschsprung (que obrigou os médicos a retirarem parte do intestino do menino), Roger segue com tratamento médico contínuo em casa - ele depende de uma enfermeira particular (home care) quatro vezes por semana para auxiliá-lo na alimentação parenteral – dieta pela veia. A família obteve na Justiça o atendimento via Sistema Único de Saúde. Baseada no orçamento do tratamento repassado pela família, a Vara de Infância de Canoas determinou a liberação do valor - bloqueado desde 10 de janeiro - das contas gerais do Estado e do município de Canoas - 50% de cada - para o pagamento do tratamento pelos próximos seis meses.
Para que Roger consiga se adaptar com tranquilidade à nova realidade, a família tem evitado sair de casa com ele todos os dias. Roger ainda teme a luz do sol, mas já começa a dar sinais de que isso será temporário. Faceiro, gosta de brincar, ouvir música e fazer vídeos com o celular da irmã. Num vídeo compartilhado pelos familiares, neste final de semana, ele acompanha a música Pássaro de Fogo, da cantora Paula Fernandes, da qual ele é fã, enquanto dedilha um violão.
– Ele está comendo mais, está realmente feliz – comentou a irmã dele, Carolina Dutra, 22 anos.
Pai morreu
Em meio à felicidade do menino, a família enfrenta a dor da perda do pai de Roger, Silvio da Silva, que morreu aos 51 anos, na quarta-feira passada, depois de mais de um mês internado no Hospital Universitário, em Canoas. Ele estava em tratamento para cirrose. A mãe do menino decidiu não levar o filho para ver o pai na UTI.
– Meu marido descansou depois que nosso filho foi para casa. Expliquei ao Roger que o pai virou uma estrelinha no céu. Está sendo difícil, mas farei o impossível para que o Roger seja feliz nesta nossa nova etapa – garante Eva.
Artesã profissional, Eva ainda depende de ajuda até conseguir um novo emprego. Durante o período em que filho ficou internado, ela abandonou o trabalho para se dedicar apenas ao menino no hospital.
PARA AJUDAR
* Eva precisará de ajuda para se manter até organizar a vida fora de casa.
* A família aceita doações de alimentos.
* Contatos pelos telefones: 99567-6880 (Caroline) e 99574-5891 (Eva)