Seu problema é nosso
Em Alvorada, paciente sofre com falta de ambulância para transporte
Vítima de um AVC, Namyr deveria ter passado por consulta uma semana depois de receber alta, mas o atendimento ainda não foi feito
Rosane Márcia de Arcenio de Morais, 55 anos, é securitária desempregada e cuida em tempo integral da mãe, Namyr de Souza Arcenio, 84 anos, que sofreu um AVC Isquêmico em 9 de outubro deste ano. Ela, agora, tem outro desafio pela frente: conseguir transportá-la para as sessões de fisioterapia.
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Há mais de uma semana, Rosane tenta conseguir uma ambulância por meio da Secretaria Municipal de Saúde de Alvorada (SMS), onde reside — uma vez que a mãe é pesada e precisa ser levada em uma maca. Sem sucesso, ela aguarda o agendamento pela clínica Fisiomais, conveniada ao SUS, mas preocupada com o fato de que talvez não conseguirá levar a idosa com segurança.
— Quanto mais tempo demorarmos para fazer fisioterapia, mais difícil será de reverter o quadro — conta Rosane.
Sequelas
O Acidente Vascular Cerebral Isquêmico é causado pela falta de sangue em uma área do cérebro por conta da obstrução de uma artéria. Depois de sofrer o AVC, Namyr perdeu os movimentos do lado esquerdo do corpo e parte da sua lucidez.
Rosane foi informada pelos médicos de que, se for feito um tratamento intensivo de fisioterapia, as sequelas poderão ser revertidas. Os sintomas de que algo estava estranho em Namyr começaram em 4 de outubro, quando, após sentir- se mal, ela foi levada ao hospital em Alvorada.
Lá, recebeu o diagnóstico de uma possível doença vascular, mas, como a unidade não tinha os aparelhos necessários para os exames de que ela precisava, foi para casa sem uma resposta definitiva.
Sem suporte
No dia 9 do mesmo mês, a filha da idosa decidiu levá- la ao Hospital Conceição, na Capital, após observar os sintomas — que pioraram ao longo dos dias. Chegando à emergência, Namyr sofreu o AVC.
Segundo diagnóstico dos médicos, a causa provável do AVC foi um coágulo sanguíneo, o que requer que exames de sangue sejam feitos toda semana para conferir a espessura do líquido. Como a família não consegue o transporte, não pôde manter este acompanhamento. A consulta que deveria ser realizada uma semana depois de Namyr receber alta também não foi feita.
— Quando entrei em contato com a Secretaria para agendar o transporte, sem ambulâncias disponíveis, eles queriam levar minha mãe numa Doblò — assustou-se Rosane.
Ela conta ainda que o setor responsável informou que o veículo tinha problemas com a porta, além de não suportar a maca necessária.
SMS: licitação está encaminhada
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a ambulância utilizada para a remoções deste tipo encontra- se em manutenção e que o veículo usado para atender parte das remoções, a Doblò, não comporta o uso de maca rígida, necessária para o transporte de Namyr.
O órgão afirmou que a porta não está estragada, e, sim, não há espaço físico para colocação desta maca.
A SMS informou que já existe um processo licitatório para compra de nova frota de ambulâncias. Além disso, o município será contemplado com novas ambulâncias, de acordo com uma portaria do Ministério da Saúde. Porém, não há previsão para isto.
*Produção: Leticia Gomes