Seu problema é nosso
VÍDEO: Reservatório do Dmae com vazamento preocupa moradores na zona sul da Capital
Segundo os leitores, os bueiros não dão conta de escoar toda água que vaza e, por isso, o asfalto já está cedendo em vários pontos. Além disso, casas já alagaram em função do tamanho da fuga
O Reservatório São Caetano VII, que, como o próprio nome diz, deveria ser um local apenas de armazenamento e distribuição de água, não tem cumprido sua função, dizem moradores do Morro São Caetano, no bairro Teresópolis, na Capital.
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O tanque do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), que fica no alto da Rua Fernando Osório, perto do número 1.550, está desperdiçando água há mais de um mês, conta a advogada Rosana Vasconcelos Martins, 51 anos, moradora do local há 17 anos.
O problema, segundo o Dmae, é com a válvula que controla o nível do reservatório — ela está estragada. E, quando o nível do tanque aumenta, o equipamento não suporta a vazão, deixando milhares de litros de água potável jorrando, até que o reservatório se esvazie ou a pressão diminua.
Quem não tem caixa-d’água em casa acaba prejudicado, pois não consegue fazer o armazenamento durante os curtos períodos em que o reservatório não está vazando.
— Acabamos nos privando de lavar roupa, louça e, aí, deixamos coisas acumularem por não termos certeza de quando teremos água — desabafa a advogada.
Estragos
Além do desperdício, a força da água tem provocado estragos na vizinhança. Como o escape é grande, a situação se assemelha a uma chuva intensa, que começa de manhã e vai até o fim da tarde.
— Os bueiros não dão conta de escoar tudo. O asfalto já está cedendo em vários pontos. Além disso, casas já alagaram em função da quantidade de água liberada — explica Rosana.
A moradora conta que, diariamente, uma equipe do Dmae vai ao local no fim da tarde fazer um reparo paliativo para que os moradores possam armazenar água à noite. Na segunda-feira, a reportagem registrou a presença dos técnicos. E, na manhã de ontem, uma vizinha de Rosana registrou o momento em que o vazamento recomeçou, por volta das 11h.
Ministério Público
Cansada de esperar por um solução, a advogada diz que vai procurar o Ministério Público para formalizar uma denúncia sobre o caso. Na visão dela, a quantidade de água desperdiçada "não é mais um problema de bairro", e sim algo que está afetando toda uma região da cidade, já conhecida por seus graves problemas no abastecimento:
— Desde 2006, lutamos pela troca dos encanamentos da região e pela reforma do reservatório, são materiais muito antigos. Só ouvimos que a prefeitura não tem dinheiro. Aí ficam remendando. Passou o nível do tolerável.
Por enquanto, apenas soluções paliativas
O Dmae, via assessoria de imprensa, negou que os vazamentos ocorram todos os dias. Confirma que a situação se estende há cerca de um mês, mas com vazamentos pontuais.
Uma vistoria identificou problemas de regulagem na entrada de água do reservatório, o que causou transbordamento entre segunda-feira e ontem. Segundo o Dmae, uma equipe seguia atuando no local, e o reparo seria concluído ontem.
A assessoria explicou que esses equipamentos não são simplesmente trocados — como os moradores desejam que seja feito com a válvula defeituosa —, mas, sim, passam por reparos paliativos.
O órgão não soube especificar a quantidade de água desperdiçada durante os períodos de vazamento nem o número de pessoas abastecidas pelo reservatório – um dos sete que estão instalados na região. Apenas afirmou que "um pequeno número de pessoas é atingido".
*Produção: Alberi Neto