Seu problema é nosso
Erro de preenchimento no sistema adia cirurgia bariátrica de rodoviário na Capital
Durante uma atualização de sistema, o responsável do posto onde o paciente era atendido marcou, de forma incorreta, a especialidade na qual Gelson precisava ser atendido
Afastado do serviço há quase três anos por problemas de saúde, o rodoviário Gelson Ribas Pinto, 47 anos, foi vítima de um erro de sistema — literalmente. O morador do bairro Restinga, na Capital, sofre com problemas causados pela obesidade, como o diabetes, há mais de 20 anos. Por boa parte desse período, ele tem tentado a realização de uma cirurgia bariátrica por meio do SUS.
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Em 4 de outubro de 2016, o cobrador de ônibus achou que a espera tinha chegado ao fim. Gelson foi encaminhado ao Hospital Vila Nova, na Capital. Lá, após passar por todo o processo de triagem e pré-operatório, ele foi chamado pelo médico e informado de que havia sido enviado ao local errado. No Vila Nova, não são feitas cirurgias bariátricas. Então, a longa caminhada do homem voltou ao ponto de partida.
— Foi um desespero. Como me encaminharam para um lugar onde nem se faz a cirurgia de que eu preciso? — questiona o rodoviário.
Atualização
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em 9 de setembro de 2016, menos de um mês antes da cirurgia de Gelson, houve uma troca no sistema de marcações e agendamentos no Estado.
O antigo programa deu lugar ao atual, chamado de Gercon. Neste processo, os profissionais das unidades de saúde precisaram remarcar procedimentos que estavam na plataforma antiga e inseri-los no Gercon. O erro relacionado ao procedimento pelo qual Gelson deveria passar teria acontecido nessa etapa.
De acordo com a SMS, o responsável pela atualização no posto onde o paciente era atendido marcou, de forma incorreta, que o cobrador precisava ser atendido na especialidade cirurgia-geral, causando todo o transtorno.
— No mesmo dia que me negaram a cirurgia no Vila Nova, voltei ao Centro de Saúde do IAPI, onde era atendido. Lá, o funcionário disse que eu precisaria retornar ao posto do meu bairro, na Restinga. Eu teria de começar todo o atendimento de novo, desde a primeira consulta – recorda Gelson.
Sem respostas
Mesmo indignado, o morador da Zona Sul seguiu as orientações e buscou auxílio na unidade de saúde do seu bairro. Porém, até hoje, não recebeu nenhuma resposta sobre o caso.
— Na semana retrasada, estive no posto mais uma vez, e disseram que a responsabilidade estava novamente com a unidade do IAPI. Fui até lá, mas não encontraram nada no sistema. Meus papéis estavam desde 2016 numa pasta, esquecidos. Nada foi feito para me ajudar — reclama o rodoviário.
Paciente precisará recomeçar atendimento
A nota enviada pela Secretaria de Saúde diz que, após o procedimento erroneamente marcado, não houve nenhum contato do paciente reclamando sobre o ocorrido. Então, o erro constou para o sistema como atendimento regular.
A SMS explica que é necessário "reavaliar o paciente, diante do quadro clínico que ele apresenta atualmente". Ou seja, Gelson precisará retornar ao posto de saúde e marcar uma nova consulta com um clínico- geral para ser reavaliado. Terá de refazer um processo pelo qual já passou.
Prioridade
O órgão garante que, "se o caso for de maior urgência, será priorizado na fila de atendimentos".
Isso ocorre porque, no Gercon, a prioridade do atendimento é dada pelo estado de saúde apresentado pelo paciente — diferentemente do antigo sistema, que organizava os pacientes por ordem de chegada.
Como reclamar
— Em caso de erro em agendamentos, marcações ou quaisquer outros problemas relacionados ao setor da saúde municipal, a SMS ressalta a necessidade dos pacientes registrarem o ocorrido.
— Isso pode ser feito por meio da ouvidoria do órgão, pelo telefone 156 ou pela internet.
— Também é possível reclamar na própria unidade de saúde de referência do paciente.
*Produção: Alberi Neto