EXPOINTER
Artesãos transformam sucata em arte
Conheça o trabalho de três expositores que transformam lixo em peças expostas na Expoargs, nos pavilhões da Feira
Neste último final de semana de Expointer, uma das atrações que valem a pena a visita é a 35ª Exposição de Artesanato do Rio Grande do Sul (Expoargs). Entre artigos de cutelaria, lã, couro e tapeçaria, destaca-se o trabalho diferenciado de três artesãos que transformam o lixo em arte.
Em meio aos 290 expositores de 46 municípios gaúchos está Luciano Oliveira, 31 anos. De Santana da Boa Vista, veio para a Expointer mostrar o trabalho que começou como um hobby. A produção dos objetos de decoração e de esculturas, feitas a partir de peças encontradas em ferros-velhos, começou há cerca de três anos.
Como sempre teve afinidade por motos e por ter crescido vendo o avô trabalhando em sua oficina, o primeiro trabalho foi uma motocicleta. Ficou terrível, lembra o artesão. Mas, mesmo com o fracasso, o funcionário público não desistiu e seguiu juntando peças, soldando e transformando-as em esculturas.
– Vim com a intenção de divulgar o trabalho, não imaginava que venderia tanto. Estou até pensando em levar mais a sério – conta, entusiasmado.
Tempo livre
O tempo depois do trabalho e os finais de semana são usados para criar esculturas de cavalos e mulheres, mesas, abajures, motos e tudo o que vier à cabeça. Para ele, tudo pode ser reaproveitado: cadeados, ferraduras de cavalo, ferramentas quebradas, peças de carros, motos e bicicletas.
— O que é mais prazeroso é ver o que era lixo voltando para dentro de casa de maneira útil — diz Luciano.
É também nos ferros-velhos, porém em Pelotas, que David Conde, 25 anos, busca seus materiais de trabalho. O artista que cresceu se inspirando no pai, o também artesão Georges Conde, 64 anos, expõe pela primeira vez na Feira. Das mãos de David e Georges, saem pequenas esculturas, anéis, colares, mesas. O trabalho é todo feito a mão.
— Além da redução de custos, tem o cuidado com o meio ambiente. É algo que as pessoas colocariam fora e é reaproveitado — afirma David.
Pedro Eduardo Azevedo Rodrigues, 49 anos, com a Lixo e Arte Mosaicos. O artesão, ao lado da esposa, Juliana Potter, 52 anos, produz artigos de mosaico com cascas de ovos. O casal de Santa Maria cria mais de 60 itens reciclando o lixo orgânico há 22 anos.
A ideia de unir arte e sustentabilidade foi de Juliana, mas hoje o trabalho é feito por ambos. As cascas viram mosaicos em mesas, porta-guardanapos, vasos de flores, espelhos e diversos outros artigos para a casa.
— É uma arte utilitária, e pode ser utilizada tanto interna quanto externamente — aponta Pedro.
Para uma mesa redonda pequena, o artesão conta que são utilizadas de cinco a seis dúzias de ovos. Após recolherem os resíduos em restaurantes e padarias, a casca passa por limpeza e secagem até transformar-se em pedacinhos para virar arte. A mesa, por exemplo, leva cerca de cinco dias para ficar pronta, depois de passar pelos processos de colagem, pintura, secagem e verniz.