Seu Problema é Nosso
Em Porto Alegre, idoso aguarda cirurgia de pedra na vesícula há mais de um ano
Abines Brites Vasconcellos foi encaminhado ao Beneficência Portuguesa, onde deveria fazer a cirurgia, mas o hospital fechou antes de realizar o procedimento
Dor intensa e aguda, ardência e sofrimento. Essa é a rotina do pedreiro Abines Brites Vasconcellos, 67 anos, morador do bairro Guarujá, na zona sul de Porto Alegre. Na metade do ano passado, o idoso teve o diagnóstico de pedra na vesícula (um depósito de substâncias na vesícula biliar, que causa desequilíbrio neste órgão localizado no fígado). Desde lá, ele aguarda pela cirurgia para remoção da vesícula biliar.
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— Vou levando a vida, é complicado... — desabafa o pedreiro.
Abines conta que devido à uma crise de dor na região da barriga, pediu que sua filha o levasse para o Hospital de Clínicas, onde já passou por outras duas cirurgias. Após fazer exames solicitados na emergência, o pedreiro foi encaminhado ao Beneficência Portuguesa, onde deveria fazer a cirurgia.
Mandam esperar
Em janeiro, Abines fez novos exames. Quando deveria retornar para mostrá-los à médica, recebeu a notícia de que o hospital havia fechado (reaberto, ainda não atende pelo SUS). O pedreiro entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre, que orientou Abines a buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) Guarujá. A esposa de Abines, a doméstica Ângela Rosan de Sousa, 57 anos, lembra que o marido teve uma consulta em março deste ano:
— Ele vai seguido no posto, mas sempre mandam esperar.
Desde que Abines teve o diagnóstico da doença, já perdeu quase 10 quilos. Além de ter que lidar com as dores, o idoso deixa seu trabalho de lado em muitas situações. Como pedreiro, precisa carregar peso:
— Acabo aceitando só aquele serviço pequeno, que não preciso fazer grande esforço.
Mais magro
Além da perda de peso, Ângela se preocupa com a saúde mental do marido:
— Por enquanto ele está dando conta do que pode no serviço, mas não sei até quando. Está a cada dia mais magro e deprimido, estou com muito medo — ressalta a esposa.
Para amenizar o sofrimento, os médicos receitaram um analgésico.
— Ultimamente não tem mais funcionado, não sei mais o que fazer — desabafa o pedreiro.
Prioridade intermediária, diz SMS
A SMS informou que o caso de Abines tem prioridade 3, que é intermediária. O órgão diz que devido à limitação no Beneficência, os pacientes tiveram de ser reinseridos no sistema e que alguns seguem em espera porque o número de pacientes é significativo. O agendamento respeita a classificação de risco e de vagas. Questionada sobre uma data, a SMS afirmou que informações só podem ser repassadas ao paciente.
Como contatar
Telefone: 156, de segunda a sexta, 24h por dia.
Presencial: temporariamente, o horário será das 8h30min às 12h e das 13h às 17h, na Avenida João Pessoa, 325, térreo, de segunda a sexta.
E- mail: ouvidoria@sms.prefpoa.com.br.
Internet: www2.portoalegre.rs.gov.br/sms
*Produção: Eduarda Endler