Centros comunitários
Previsão de entrega dos CEUs da Tinga e da Lomba é para 2019
Obras dos Centros de Artes e Esportes Unificados iniciadas em 2013 ainda não foram concluídas. Na Restinga, entrega deve ocorrer ainda neste semestre. Na Lomba do Pinheiro, previsão é para agosto
Um lugar com atendimento social direcionado à comunidade, espaço para prática de esportes e também de manifestações artísticas. No papel, um projeto maravilhoso, mas nunca colocado em prática. A ideia de construção dos Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs) da Restinga e da Lomba do Pinheiro foi apresentada às comunidades em 2010. Os dois tradicionais bairros de Porto Alegre abriram os braços para receber as iniciativas.
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Entretanto, os trabalhos, iniciados somente em 2013, não foram concluídos até hoje. O Diário Gaúcho esteve nos locais em janeiro e agosto do ano passado. Nesta semana, a reportagem voltou aos dois CEUs. No canteiro de obras da Zona Sul, funcionários da construtora que venceu a licitação para concluir as obras tocam os trabalhos, que já estão 85% concluídos.
Abandono
Na Lomba do Pinheiro, entretanto, a cena comove. O espaço de 3 mil metros quadrados agoniza. Tudo aquilo que era possível de ser furtado, já foi levado: vidraças, vasos sanitários, portas, fiações e tubos metálicos por onde passava a rede elétrica. Até algumas pedras das calçadas do lugar foram carregadas.
Nas paredes, que não puderam ser furtadas, é possível ver pichações e marcas deixadas pelas fogueiras montadas por quem busca abrigo no local. Informalmente, moradores contam que o espaço virou ponto para consumo de drogas e prostituição.
Em reportagem publicada em agosto de 2018, a prefeitura chegou a prometer a entrega do CEU da Lomba para julho deste ano. Entretanto, para o presidente da Comissão de Moradores da Lomba, Vosmar Nascimento Viana, a atual conjuntura jogou essa previsão por terra.
— Creio que não tem como entregar este ano, está totalmente abandonada a obra. A comunidade sofre vendo um espaço deste tamanho em desuso — relata Vosmar.
A indignação dos moradores com os furtos e o abandono por parte do poder público fica evidente em um recado que foi pintado na porta de um ginásio poliesportivo que fica junto ao CEU: "senhor ladrão, não roube mais. Isto é da comunidade da Lomba." O ginásio, aliás, está interditado por problemas no telhado desde o ano passado.
Prazo adiado na Zona Leste
Entre a reportagem publicada em janeiro do ano passado e hoje, a posição da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esportes (Smdse) sobre as obras dos dois locais quase não mudou. Alguns trechos da nota de 2018 são iguais. Como quando a prefeitura diz que "está sendo feito um levantamento dos valores necessários para recuperar a obra, diante a perspectiva de retomada da construção".
Conforme a Smdse, o levantamento costuma demorar. Outro ponto idêntico do comunicado é quanto ao que foi investido na obra. Do ano passado para cá, o investimento está congelado em R$ 1,46 milhão — equivalente a 61,89% do valor total, que é R$ 2.020.000,00. Os recursos foram previstos em convênio com a Caixa Econômica Federal, dinheiro vindo do Ministério da Cultura.
Agosto
Um dos poucos pontos que mudou é a previsão de entrega, adiada. Na matéria publicada em agosto, a prefeitura disse que o CEU da Lomba devia ser concluído até julho de 2019. Entretanto, no novo comunicado, a previsão ficou para agosto. O prazo foi dado pela Caixa, que deve liberar ainda neste semestre um repasse de R$ 576.441,00 para a retomada dos trabalhos. Isso será feito depois que for concluída uma nova licitação da construção _ os editais costumam demorar até 120 para serem concluídos, devido às legislações a serem cumpridas.
50 mil beneficiados na Zona Sul
Líder comunitário na Restinga há mais de duas décadas, José Ventura acompanha de perto as obras no CEU da Tinga. Semanalmente, ele vista o canteiro de obras. A previsão de entrega é para o primeiro semestre, garante José, que faz parte do Conselho Gestor do CEU, formado pela prefeitura, moradores da Restinga e membros da sociedade civil — que inclui escolas, postos de saúde e outros estabelecimentos públicos que podem vir a usar o espaço.
— A comunidade está ajudando a construir a agenda de funcionamento do CEU. Serão cerca de 50 mil pessoas beneficiadas — projeta Ventura.
Além de um setor para atendimento com assistência social, o CEU da Restinga contará com sala de computação, cineteatro com capacidade para 60 pessoas, biblioteca e quadra de vôlei coberta. Desde a retomada das obras, em 2017, o investimento no local foi de R$ 1.387.958,88, oriundos de convênio com o Ministério da Cultura.