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Seu Problema é Nosso

Ruas sem luz causam medo em moradores de Porto Alegre 

Para não ficarem sozinhos nos pontos em que o breu predomina, saída para pedestres tem sido andar em grupo

11/02/2019 - 09h10min


Tiago Boff
Tiago Boff
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Breu debaixo do viaduto Dona Leopoldina

Todos os dias, às 5h45min, Raquel da Silveira, 40 anos, e dois amigos andam juntos até a parada da Avenida José Bonifácio, perto do Parque da Redenção, na Capital. Trabalhadores de um hospital na Zona Sul, o trio adotou a medida para enfrentar os poucos — mas temíveis — minutos até a chegada da linha T5. A insegurança de esperar o transporte naquele ponto se tornou maior recentemente, depois que os postes do entorno deixaram de iluminar a área. 

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— A gente tem até mais medo porque tem luz na parada, mas, ao redor, não. Dá para saber quem está aqui, mas nós não sabemos quem está vindo — conta Raquel. 

O problema é registrado em quase toda a extensão da José Bonifácio, entre as avenidas Osvaldo Aranha e João Pessoa. Moradora da região, a engenheira Juciele Zílio, 35 anos, afirma que o local está sem energia desde janeiro. Ela diz já ter ligado para a prefeitura, mas o problema continua. 

— Não sei o motivo de estar assim. Vizinhos já procuraram a prefeitura, e ninguém fez nada. Dá medo andar aqui — relata. 

Antes de amanhecer, a região é habitada principalmente por quem vive nas ruas. Pedestres evitam a área próxima ao parque e recorrem a avenidas mais iluminadas, como a Venâncio Aires. 

— No inverno, vai ficar pior. Tenho medo — conta a auxiliar de enfermagem Elisiane Correa, 47 anos. 

Escuridão que assusta também os alunos do Colégio Militar, bem no meio da quadra sem luz. 

— É bastante complicado, já que venho cedo trazer meu filho no Colégio Militar — conta o comerciante Anilton Cruz, 52 anos. 

Problema deve persistir até esta semana 

A prefeitura admite que houve um problema na rede de média tensão no quadrilátero próximo ao Auditório Araújo Vianna, afetando a região. Ainda segundo o Executivo, uma empresa especializada em consertos de alta complexidade já foi contratada e deve iniciar os reparos nesta semana. 

No outro extremo da Redenção, próximo à Faculdade de Direito da UFRGS, as faixas da Avenida Loureiro da Silva são iluminadas pelos sinais dos semáforos ou pelos faróis dos veículos. 

Sobre o contorno, uma sequência lateral de postes do viaduto Dona Leopoldina também vive do breu. O mesmo acontece na Mariante, sobre a Protásio Alves, no sentido ao Parcão. 

Nas rodovias, furtos de cabos e fios 

A falta de luz não atinge apenas a área Central, mas também rodovias federais na Capital. A BR-290, em ao menos dois trechos da freeway, também está às escuras, próximo à Arena do Grêmio e na alça de acesso à Ponte do Guaíba. Na BR- 448, o cenário se repete. 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Perto da Arena, escuridão contrasta com iluminação do estádio e de via paralelas

Diferentemente do registrado dentro da cidade, o problema nas estradas é recorrente: furto de cabos. Substituto da Delegacia de Repressão aos Crimes contra Concessionários e Delegatarios de Serviços Públicos do Deic, o delegado Marcus Vinicius Viafore afirma que há operações específicas para combater as ações criminosas. Até hoje, 39 pessoas foram presas em 262 locais que revendiam os materiais furtados. O delegado estima que cada quilo de fio de cobre furtado seja vendido por R$ 17. 

Procurada, a Secretaria de Serviços Urbanos afirmou que os demais casos relatados serão analisados pelos técnicos da Coordenadoria de Iluminação Pública para determinar se são de atribuição do município.

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