Seu Problema é Nosso
Servidores de Canoas terão de sair de imóveis pertencentes ao município
Funcionário público há três décadas, José Barnabé, 66 anos, tinha como benefício moradia, água e luz custeados pela prefeitura. Agora, ele deve desocupar a residência que vive há 17 anos
Servidor público aposentado, José Barnabé Bezerra Filho, 66 anos, atuou como zelador de uma das capatazias da prefeitura de Canoas por 30 anos. Recebeu como benefício a possibilidade de morar em uma casa localizada dentro do terreno, enquanto tomasse conta da área. José viveu assim por 17 anos, sem pagar aluguel, luz e água que consumia. No dia 24 de janeiro, foi notificado pela prefeitura de que deveria desocupar o imóvel em 60 dias.
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Desesperado por não saber para onde ir com a família, agora tenta rever o prazo e obter um auxílio da prefeitura.
Melhorias
— Criei meus netos nesta casa. Nunca pude passear ou viajar sem que alguém da minha família ficasse cuidando a casa, pois foi uma regra para que eu pudesse ganhar o direito de morar aqui. Tenho alguns dias para desocupar o imóvel, mas não tenho pra onde ir — lamenta.
José diz que fez investimentos e melhorias no local. Inclusive, adquiriu um poste de luz, no fim do ano, para o terreno.
— Já tentei comprar um imóvel pelo Minha Casa, Minha Vida, mas nunca fui contemplado. Todas as pessoas da família dependem de mim — argumenta o aposentado que mora na casa de dois cômodos com mais seis pessoas: a esposa, a neta e o marido, e mais três crianças.
Notificações
Conforme a prefeitura de Canoas, todos os moradores das capatazias da Secretaria Municipal de Obras estão sendo notificados. No entanto, não informou quantos serão afetados com a determinação. São moradores dos espaços públicos localizados nos bairros Fátima (Rua Butenbender), Harmonia (Rua Eça de Queiroz) e Marechal Rondon (Inconfidência). A administração ainda trabalha para identificar outros funcionários na mesma circunstância.
Prefeitura pretende reduzir custos
Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa, a prefeitura de Canoas vem realizando o levantamento de todas as áreas que pertencem ao município e que estão sendo subutilizadas. O objetivo é otimizar o aproveitamento desses terrenos e prédios, como medida de gestão, em respeito ao dinheiro público e para reduzir os gastos com aluguéis.
Foram identificados alguns casos de servidores que estavam ocupando áreas do município por definições de governos anteriores. Os funcionários públicos tinham moradia, água e luz custeados pela prefeitura. O número de pessoas nessa situação não foi divulgado.
Agora, a administração está no processo de retomada dessas áreas, justamente para reduzir custos. “No caso específico do servidor que procurou a reportagem, trata-se de servidor aposentado, que entrou com ação judicial para discutir o seu caso. O município está estudando a situação”, diz a nota.
Os programas habitacionais do município são destinados à população em vulnerabilidade social. Se algum dos casos se encaixar nessas condições, poderá realizar o cadastro junto à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação.