Presente do coelho
Em alusão à Páscoa, bebês ganham roupinha de cenoura no Hospital de Clínicas
Ação foi realizada para presentear famílias que passarão o feriado com um novo integrante na família
Rithyelen Dutra e Fabrício Ribeiro da Silva, ambos de 17 anos, esboçavam um sorriso de plenitude e calmaria ao olhar para um bercinho de plástico, localizado ao lado de uma cama do quarto 1.555, no 11º andar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Enrolado em um cobertor infantil com estampa de um cachorro aviador, Caio Valentim Dutra da Silva franzia o cenho e se aquecia em seu quinto dia de vida.
Com um toque gentil, a mãe ergueu o filho, tirou-o da coberta e o enrolou em uma roupinha laranja e verde no formato de cenoura. Assim que foi envolto pelo tecido e pelos braços maternos, Caio arqueou os vincos dos lábios e adquiriu uma expressão de satisfação.
— Olha, ele até sorriu! — disse uma enfermeira, com a voz derretida.
O cueiro (nome do cobertor que aquece o recém-nascido) foi dado de presente em uma ação especial promovida pelo Hospital de Clínicas nesta quinta-feira (18) para pais cujos filhos nasceram na pré-Páscoa. A instituição há três anos presenteia as famílias com o tecido que envolve nenês. Neste feriado, produziu 22 cobertinhas em formato de cenoura para os bebês contemporâneos do coelhinho — o número corresponde à média de nascimentos em um dia.
Criadas para humanizar o atendimento
No quarto ao lado, a jovem-aprendiz Gabriela Rosa Dorneles, 19 anos, alisava o cueiro-cenoura que envolvia a filha, Valentina (que não é parente de Caio Valentim). A mãe adorou a coberta, encarada como segundo presente: Gabriela, aniversariante do dia 8 de abril, encarou o nascimento da filha como primeiro presentão.
— Quando ela nasceu, comecei a chorar e chorar. Nunca tinha sentido algo assim antes. Mas ela é bem quietinha, não chorou quando nasceu nem quando tomou vacina — afirma.
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As cobertinhas em forma de cenoura foram criadas para humanizar o atendimento, diz a enfermeira-chefe da Unidade de Internação Obstétrica, Marcia Simone Siebert. Foram produzidas no setor de costura da instituição, responsável por confeccionar também as roupas de funcionários.
— No hospital, as pessoas pensam em doença, mas a gente quer falar de vida também, mostrar o lado mais humano.
Caio Valentim nasceu no domingo, às 23h56min, de cesárea. A família ficou até agora no Clínicas à espera de que o recém-nascido se recuperasse de icterícia, condição que deixa a pele do bebê amarelada porque o fígado, ainda imaturo, não metaboliza uma substância chamada de "bilirrubina". Rithyelen e Fabrício previam voltar com Caio Valentim para casa ainda na quinta-feira _ só não haviam decidido com qual família passariam o feriado. Questionada sobre o sentimento que a tomou durante o parto, a mãe resume, com um sorriso no rosto:
— Foi uma experiência muito, muito linda — afirma, olhando para o filho que segura nos braços.
Assim que a mãe termina a frase, Caio sorri novamente, de olhos fechados.