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Porto Alegre

Ampliada proibição de ventiladores em instituições do Grupo Hospitalar Conceição

Situação foi relatada primeiramente no Hospital Conceição. Agora, acompanhantes contam que item está sendo barrado no Fêmina.

02/12/2019 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Omar Freitas / Agencia RBS
Incêndio em fevereiro teria sido causado por curto-circuito

Pacientes e acompanhantes de pessoas internadas nas entidades do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) terão de lidar com um companheiro pouco agradável nos próximos meses do ano: o calor. Isso porque, seguindo uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a entidade gestora dos hospitais Conceição, Cristo Redentor, Fêmina e da Criança Conceição, proibiu a entrada de ventiladores nos quartos. Costume comum nos dias mais quentes, a entrada dos eletrodomésticos costumava ser feita pelos parentes e pessoas próximas aos internados. 

Em outubro, o Diário Gaúcho mostrou que os pacientes do Hospital Conceição, na Zona Norte, já estavam sentindo os efeitos da medida tomada pelo GHC. Agora, com o surgimento de relatos da situação se repetindo no Hospital Fêmina, no bairro Rio Branco, o grupo hospitalar confirmou que a medida se aplica a todos os locais sob gestão do Conceição. 

Conforme o diretor técnico do GHC, Francisco Paz, além da norma da Anvisa, outra motivação para proibir a entrada de ventiladores é o cumprimento do Programa de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) do Corpo de Bombeiros. Ainda há o fato de as redes elétricas das instituições não suportarem o excesso de consumo que muitos ventiladores ligados podem causar. 

– É uma norma que vale nacionalmente. Nenhum hospital deve deixar isso acontecer (entrada dos ventiladores), pois põe em risco a segurança do paciente e do hospital. Além da eletricidade, ainda há o risco de transmissão de infecções. Está realmente sendo posto em execução em todos os hospitais do grupo – explica Francisco.

Preocupação

A norma da Anvisa que trata da questão dos ventiladores em hospitais é de 2002. Porém, só agora a ação está sendo aplicada de fato, o que ressalta a preocupação do GHC com o risco de incêndio. Em fevereiro deste ano, o próprio Hospital Fêmina sofreu com o fogo causado por um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado. Na ocasião, 32 pacientes, incluindo crianças, foram transferidos para quatro hospitais de Porto Alegre.

– Tivemos esse problema com o incêndio, então, estamos revendo as ações em todos os hospitais. A climatização por intermédio de aparelhos de ar-condicionado exige uma série de medidas. Para começar, uma rede elétrica que permita essa instalação. Estamos tomando medidas para que tudo saia de acordo com as exigências do Corpo de Bombeiros – garante o diretor.

Incertezas no Fêmina

No Conceição, obras vão permitir a refrigeração. Com a construção do novo Centro de Oncologia, que tem previsão de entrega em 2020, foi erguida uma subestação de energia. 

– O ar-condicionado deve funcionar na metade de dezembro – promete Francisco.

Porém, as outras instituições geridas pelo GHC não têm a mesma previsão. No caso do Fêmina, a incerteza é maior. Na semana passada, o governo federal pôs o prédio na lista do Programa de Parceria Investimentos (PPI). A ideia seria vendê-lo e transferir as atividades para a área do Hospital Conceição.

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“Alguma providência tem que ser tomada”, diz acompanhante de paciente

A assistente administrativa Rosa Santos da Rocha, 64 anos, se surpreendeu ao não poder entrar com um ventilador no Fêmina alguns dias atrás. Ali, ela visitava uma sobrinha e afilhada, de 36 anos, que lutava contra um câncer em estágio terminal. Indignada com a proibição diante do calor extremo que fazia no dia em que levou o eletrodoméstico ao local, Rosa procurou a ouvidoria da instituição, onde um funcionário se refrescava diante de um ventilador:

– Ele me disse que não podia trabalhar com calor. Eu questionei se os pacientes poderiam lidar com uma sensação de 36ºC num quarto com três internados, além dos acompanhantes. Fiz uma reclamação e ficaram de mandar o protocolo de atendimento, estou esperando até agora.

Rosa lamentava a situação pela qual a sobrinha estava passando. Na semana passada, depois de muita insistência, a família conseguiu liberação pra uso de um ventilador pequeno. Mas a assistente administrativa ressalta que outros pacientes do quarto também precisavam do equipamento e não conseguiram.

– Minha sobrinha sentia muito calor. Aliás, desde que apareceu a doença, ela tinha um calor infernal. Por isso, acredito que o mínimo possível de conforto, ela merecia. E também por todos os pacientes que estão internados aqui, alguma providência tem que ser tomada – disse, na semana passada, Rosa, cuja sobrinha acabou falecendo na madrugada de ontem. 

As exceções

Conforme o diretor do GHC, nos locais sem ar-condicionado, pode ser permitido o uso do ventilador em casos de calor extremo, o que Francisco definiu como temperaturas superiores aos 32ºC. Nestes casos, os acompanhantes devem procurar a enfermagem para solicitar autorização. Caso não seja atendida a demanda, é possível procurar a ouvidoria ou a diretoria da instituição.



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