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PIQUETCHÊ DO DG

Estudantes de modelagem criam roupas inclusivas com inspiração tradicionalista 

Alunas do Senac Canoas foram finalistas em prêmio de moda inclusiva, com adaptações em peças como bombachas e vestidos de prenda 

16/12/2019 - 05h00min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Júlia criou bombacha especial para o seu avô, João Firmino

Uma parte importante da rotina daqueles que gostam de expressar sua identificação com a cultura gaúcha é a roupa, seja a pilcha tradicional para peões e prendas ou peças não tão elaboradas, que algumas pessoas gostam de usar até no dia a dia. Para quem tem alguma necessidade especial ou deficiência, por outro lado, não encontrar peças que se encaixem às suas necessidades pode gerar frustração. 

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Foi a partir deste pensamento que nasceu o projeto Moda Gaúcha Inclusiva. Idealizado por três alunas do curso Técnico em Modelagem de Vestuário do Senac Canoas, foi selecionado como um dos finalistas no 7º Prêmio Brasil Sul de Moda Inclusiva, que ocorreu no mês passado, em Santa Catarina.

Tudo começou quando os alunos foram desafiados a criar peças adaptadas para pessoas com alguma deficiência. Uma das alunas, Júlia Carolina Decarli, 19 anos, que finalizou o curso em julho de 2019, imediatamente lembrou do seu avô, João Firmino Neto, 80 anos. 

Há nove anos, João teve parte de uma das pernas amputada, em função de um problema vascular.

– Ele gosta de usar bombacha, mas é muito difícil encontrar peças que se adaptem às suas necessidades. Geralmente, meu avô usa calça social com a perna presa ao cós da calça – conta ela.

Júlia, então, entrou de cabeça no projeto. Buscou – e quase não encontrou – referências de peças semelhantes, estudou as adaptações que seriam necessárias e começou a produzir protótipos.

– O primeiro ajuste necessário, é claro, foi o tamanho da perna. Depois, fomos para a modelagem. Uma das características da bombacha é o volume, mas isso atrapalharia meu avô, que fica na cadeira de rodas. Então, criei uma espécie de punho, que é ajustável e dá o volume para a bombacha, mas sem o incômodo – conta.

No total, foram necessárias seis versões da peça até chegar a uma que ficasse satisfatória. O resultado não poderia ser melhor.

– Sou de Vacaria e, quando era mais novo, participava de torneios de laço, CTGs e ia a bailes. Imagina, fui criado de bombacha. Agora, vou voltar a usar. Também já ganhei um chapéu de aba larga. Vou mandar fazer um pala e já estou pronto – brinca seu João.

Bombacha é sonho realizado

Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Kely ganhou modelo adaptado

Quando surgiu a possibilidade de participar do prêmio de moda inclusiva, outras duas colegas do curso, Júlia dos Santos Nunes e Jaqueline Alves Rodrigues, foram chamadas para integrar o projeto. Além disso, foi necessário ir atrás de outros modelos. 

Para encontrar uma delas, não foi preciso sequer sair do prédio do Senac: auxiliar administrativa do local, Kely Cristina Vasconcellos Rolim, 26 anos, topou na hora. Ela tem displasia óssea epifisária múltipla, doença que afeta o crescimento. Com 1,27m de altura, Kely tem dificuldades em encontrar roupas adequadas ao seu corpo. 

– Não é fácil. Geralmente, compro na sessão infantil, tamanho 10 ou 12. Roupa gaúcha, por exemplo, eu só encontro em vestidos infantis. Eu sempre quis ter uma bombacha feminina, mas nunca tinha encontrado – conta.

Esse sonho foi justamente o que o grupo realizou.

– Me apaixonei pela peça! Quando elas me chamaram, fiquei muito feliz. É muito bom ver que tem quem se importa com pessoas com deficiência – diz Kely.

A terceira modelo, de Santa Catarina, também tem baixa estatura e precisa de muletas para se locomover. Júlia dos Santos Nunes, 23 anos, criou uma roupa de prenda adaptada a essa necessidade.

– Criamos uma saia com um tecido mais leve e menos rodada, para facilitar a mobilidade. Nosso desejo é que cada pessoa possa frequentar um CTG com uma roupa adaptada para si – conta Júlia.


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