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Aguardando reforma

Escola de Gravataí com 12 salas interditadas deve ter 400 alunos a menos neste ano

Instituição estadual, a Tuiuti passa por dificuldades desde 2018, quando o forro de uma sala desabou. Estado ainda não tem previsão de reformar três prédios que estão fechados

21/02/2020 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Félix Zucco / Agencia RBS
Diretora Geovana mostra uma das salas interditadas

Neste ano, será mais fácil um aluno da Escola Estadual de Ensino Médio Tuiuti ter aula no refeitório do que numa sala de aula. Isso porque a instituição do bairro Bonsucesso, em Gravataí, está com três prédios de salas de aula interditados desde 2018. No total, são quatro locais para aula e para este ano, somente um foi reformado e pode voltar a receber estudantes. 

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Cada um dos prédios conta com quatro salas de aula. Assim, com as interdições, 12 salas deixam de receber alunos. E isso vai afetar a capacidade de estudantes que a escola pode atender. No ano passado, eram 1.200. Para este ano, devem ser, no máximo, 800 alunos.

Para driblar a falta de espaços adequados para que os professores ministres as aulas, a Tuiuti criou algumas salas improvisadas. Desde o refeitório, passando pela sala dos professores e a sala de informática, até chegar no salão de festas da escola, tudo será palco para o aprendizado em 2020. As aulas começam no próximo dia 5 de março e o principal desafio será manter os alunos dispostos até o final do ano num local que parece abandonado pelo Estado.

Histórico

O drama da Tuiuti começou no final de 2018, como recorda a diretora Geovana Rosa Affeldt, no comando da instituição desde 2015. O forro de uma sala de aula desabou e causou a interdição da sala. Logo, o prédio todo foi condenado. 

— Eu pedi uma reforma em 2016, em razão dos frequentes problemas elétricos. No final de 2018, teve essa questão do forro. Por sorte, deixamos de usar a sala um dia antes de o forro cair, pois ele já estava apresentando problemas. Graças a Deus nenhum aluno ficou ferido — recorda Geovana.

Logo depois da interdição do primeiro prédio, engenheiros do Estado vistoriaram a escola e determinaram que as aulas poderiam continuar somente se o forro fosse retirado de todos os espaços. Feito isso, o problema passou a ser suportar o calor intenso nos locais, além da falta de isolamento acústico. Nos dias de chuva, o excesso de goteiras gerou situações como estudantes tendo de abrir guarda-chuvas dentro das salas de aula.

A situação seguiu até o ano passado, quando pais ocuparam o local em razão da falta de obras no prédio interditado. Como resposta, o governo interditou todos os quatro locais com salas de aula em novembro. Com isso, o final do ano letivo de 2019 teve aulas ministradas em locais como refeitório e a sala dos professores. Até os salões de um CTG e de uma igreja próxima foram cedidos para que as crianças pudessem estudar, como mostrou o Diário Gaúcho em novembro.

Confira a situação da escola:

Reformas sem previsão

O cenário não deve ser muito diferente em 2020, como explica a diretora. No mês passado, a administração pública entregou a reforma do primeiro prédio, aquele interditado em 2018. Por conta própria, a direção bancou a reforma do salão de festas da Tuiuti, que deve receber até cinco turmas. Para este ano, Geovana prevê 14 turmas pela manhã e outras 14 durante a tarde. No turno da noite, haverá outras nove turmas.

— São quatro a menos do que ano passado, quanto tínhamos 16 de manhã e de tarde. Isso é porque o Estado não permitiu a abertura de novas turmas. O efeito disso é que não vamos poder receber alunos aqui da região que concluíram o Ensino Fundamental e, agora, viriam para cá iniciar o Ensino Médio — explica Geovana. 

Conforme a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), já foi feita a liberação do recurso para contratação do serviços de recuperação. A reforma dos três prédios interditados deve custar R$ 565 mil. Porém, o trabalho "está em fase de licitação e aguarda os trâmites jurídicos", conforme a nota da Seduc. Em 2020, a Tuiuti completa 80 anos. O amplo terreno com prédios de aula, administração, salão e três quadras esportivas carece de ajuda que, até o momento, só vem da própria união da comunidade em eventos para arrecadar fundos.

Pais reclamam da situação

Na secretária da Tuiuti, várias folhas de ofício comportam uma lista de nomes de quem buscou vagas na escola e ainda aguarda um chamado ou um turno mais adequado para que os filhos estudem. É o caso da secretária Michele Silveira Jardim, 38 anos. Moradora de Gravataí, ela estudou na escola do bairro Bonsucesso e demonstra tristeza pela situação atual da instituição.

— O Ensino Médio é para preparar os alunos para faculdade, deve ser valorizado e não ficar sofrendo este descaso do Estado — critica ela.

Para o filho, que deve ingressar no 1º ano em 2020, Michele só conseguiu vaga no turno da noite. Como não mora tão próximo da instituição, está receosa com o deslocamento do garoto de 15 anos neste período do dia.

— Vamos acabar nos mudando. A ideia é ir para Cachoeirinha, onde ele terá mais opções. Aqui está bem complicado — aponta a mãe.

A confeiteira Cristiane da Silva Flores, 34 anos, procurou a Tuiuti pela proximidade com sua casa. Porém, só havia vagas no turno da noite. Para garantir a matrícula, ela aceitou a situação, mas espera conseguiu mudar a filha para o turno da manhã durante o ano. 

— Consegui pela minha insistência, também. Estava indo na Central de Vagas há tempos e só negavam. Na terça-feira, dia 18, que conseguiram uma vaga — conta Cristiane. 

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