Teu Bolso
Batata é vilã em cesta básica que subiu 5,85% na Capital
Produto teve aumento de 34,87% em abril. Pesquisa também mostrou elevações significativas do tomate, feijão e leite.
Quem vai ao mercado com frequência deve ter notado que alguns preços estão mais salgados. Conforme levantamento mensal divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em Porto Alegre, a cesta básica subiu 5,85% em abril, na comparação com março. Agora, o custo total da compra básica de uma família brasileira da Capital ficou em R$ 527, o que representa pouco mais de metade do salário mínimo.
Porém, neste momento de pandemia, quem depende apenas do auxílio emergencial do governo, que é de R$ 600, comprometeria 87,8% do valor para fazer as compras. O produto que mais subiu de preço foi a batata inglesa, com alta de 34,87%, na comparação entre abril e março.
O mês passado foi o primeiro em que a população esteve inteiramente sob os decretos que limitaram a circulação e as atividades comerciais. Os supermercados, que seguiram abertos, têm recebido bastante público nestes dias. Mas não foi só a maior procura pelos produtos que elevou os preços. O clima no Rio Grande do Sul, que lidou com uma longa estiagem, além da entressafra de alguns produtos, foram fatores que influenciaram diretamente na elevação de preço.
Altas e baixas
Conforme o levantamento feito pelo Dieese em Porto Alegre, que contou com visitas presenciais, mas também contatos por telefone, e-mail e consulta em aplicativos – tudo em razão da pandemia –, os itens com maior alta foram ingredientes comuns na mesa de qualquer brasileiro. Além da batata inglesa, tomate, feijão preto e leite também tiveram aumentos superiores aos 15%. Arroz, banana, farinha de trigo e óleo de soja também tiveram acréscimo, mas abaixo da faixa dos 8% – o óleo de soja, inclusive, subiu apenas 0,42%.
A cesta básica do Dieese é composta por 13 produtos. Além destes oito que apresentaram alta nos preços, outros quatro tiveram queda no valor: manteiga, café, carne e açúcar refinado. Somente o pão francês ficou com o preço estável na comparação entre os dois meses.
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Para quem segue indo ao supermercado com frequência e precisa lidar com o aumento de preços, pesquisar está sendo importantíssimo. Morador do Residencial Parque Lavoura, na zona sul da Capital, o aposentado Paulo Cesar Thomaz Dornelles, 58 anos, procura muito antes de ir às compras. Na região onde mora, há dois supermercados. Na maioria das vezes, as compras são realizadas ali, onde o preço for menor. Mas Paulo também aproveita os anúncios de preço no jornal para acompanhar boas ofertas. Antes mesmo de ser perguntado sobre os produtos que subiram de preço, ele relatou ter sentido a alta no bolso:
– O que está oscilando muito para cima é a batata e o tomate. O preço disparou de uma maneira que assusta. O leite, se comparado com o que preço que era antes da pandemia, está caro. Mas, onde eu compro, já tenho conseguido preços melhores do que no mês passado.
Buscar opções é importante
Conforme a economista do Dieese, Daniela Sandi, a busca por melhores preços é uma ferramenta aliada do consumidor neste momento. Entretanto, Daniela sabe que muitas pessoas não têm como pesquisar em vários locais para comprar. Por isso, ela dá outras dicas. A primeira opção é buscar substitutos para esses produtos que tiveram alta.
– A gente sabe que algumas coisas é muito difícil de substituir, como o leite, por exemplo. Mas no hortifrúti dá para variar. No caso do feijão, a lentilha pode ser uma boa opção, se estiver mais barata – pontua a economista.
Fazer a boa e velha lista de compras, além de planejar o cardápio da semana em casa, ajudam na hora de comprar a quantidade certa, como explica Daniela. Uma opção também são os atacados de varejo, onde é possível comprar quantidades maiores por preços mais em conta.
A economista do Dieese reforça que o órgão publica junto do levantamento da cesta básica, o salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas no Brasil. Segundo o último levantamento, o valor mínimo para manter os custos com alimentação, saúde, educação e afins seria de R$ 4.673,06, ou 4,47 vezes o mínimo atual, que é de R$ 1.045.
Confira a variação de alguns produtos
Batata inglesa 34,87%
Tomate 32,66%
Feijão preto 16,00%
Leite 15,65%
Arroz 7,64%
Banana 6,94%
Farinha de trigo 2,24%
Óleo de soja 0,42%
Manteiga -4,67%
Café -4,10%
Carne -1,29%
Açúcar refinado -0,39%
Pão francês 0,00%