Coronavírus
Como está a ocupação dos hospitais de campanha da Região Metropolitana
Estruturas temporárias em três municípios oferecem, juntas, 22 vagas de UTI, mas situação difere em cada um deles
A chegada do inverno e o aumento dos casos de coronavírus deixam em alerta cidades da Região Metropolitana que implantaram os chamados hospitais de campanha. As estruturas, alternativas para aumentar o número de leitos e de atendimentos nos casos de covid-19, foram montadas nos municípios de Gravataí, Cachoeirinha e Canoas – que criou duas unidades. Dos 22 leitos de UTI criados nestes locais, até esta segunda-feira (6), 12 já estavam ocupados, ou seja, mais da metade.
Os locais sentem de maneiras diferentes os efeitos do crescimento nos números da doença. O caso mais complicado é em Gravataí. Lá, uma parceria entre a prefeitura e o Hospital Dom João Becker criou uma estrutura na área externa da instituição. Com cerca de 400 metros quadrados, o local oferece 10 leitos de UTI e é a referência para todos os pacientes com sintomas gripais e respiratórios em Gravataí. Entretanto, na terça-feira (7), todos os 10 postos já estavam ocupados.
Para tentar enfrentar a saturação do sistema, prefeitura e hospital iniciaram tratativas para criação de mais 10 leitos para tratamento exclusivo de pacientes da covid-19 em uma área isolada dentro das dependências fixas do hospital. Porém, ainda não há previsão para que isso se concretize.
Em Canoas, são duas unidades – chamadas de Boqueirão e Rio Branco –, mas a cidade já se prepara para inaugurar mais um local caso a pandemia avance ainda mais. Canoas é o nono município do Estado com mais casos – 771 até quinta-feira (7) – e o quinto em número de óbitos – 30 pessoas já morreram na cidade por causa da doença. Somente nestes primeiros dias de julho, o número médio de atendimentos diário nos dois pontos é alto.
No hospital de campanha Boqueirão, são cerca de 67 atendimentos diários. E na unidade Rio Branco, a média é de 51 atendimentos. Os dois pontos de campanha têm 10 leitos de internação clínica e dois de UTI cada. Na segunda-feira (6), havia dois leitos de UTI ocupados, um em cada estrutura. Além dos hospitais de campanha, o Hospital Universitário é o ponto de referência na cidade.
Mais tranquilo
Em Cachoeirinha, o sistema respira mais aliviado. A estrutura de campanha, inaugurada no final de abril, tem 63 leitos – 12 de isolamento com média complexidade, 43 enfermaria e oito de UTI. Desde que foi inaugurado, o local já recebeu 32 pacientes, sendo que apenas três necessitaram de internação na UTI. Nesta terça-feira (7), até a metade do dia, apenas quatro leitos de enfermaria estavam ocupados.
Patamar elevado
Em Porto Alegre, o nível de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) disparou. Desde a última sexta-feira, o patamar de 174 leitos de UTI sendo ocupados por pacientes de coronavírus na Capital foi quebrado. O número rompeu o teto inicial de internações previsto na estratégia de enfrentamento à pandemia – são três estágios, sendo que no terceiro seriam necessários 383 leitos apenas para tratar a covid-19.
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Novo Hamburgo e São Leopoldo buscam soluções
Entre os 10 municípios com mais casos no Estado, além de Porto Alegre e Canoas, a Região Metropolitana ainda é representada pelas cidades de São Leopoldo – com 1.051 casos – e Novo Hamburgo – com 1.075 –, conforme números atualizados nesta terça-feira (7).
As duas localidades não têm hospital de campanha, mas procuraram saídas para lidar com a pandemia. Em São Léo, organizou-se o Centro Especial de Apoio ao Hospital Centenário Monte Alverne. Foi uma espécie de estrutura de apoio ao hospital da cidade, instalada em um prédio no bairro São José, que conta com 30 leitos para pacientes de covid-19 com menor gravidade, especialmente para garantir o isolamento social. No Hospital Centenário, são 10 leitos exclusivos de UTI para coronavírus, que, na segunda-feira, estavam com 100% de ocupação.
Ampliação
Em Novo Hamburgo, a prefeitura diz que a criação de um hospital de retaguarda está previsto no plano de contingência do coronavírus. Porém, a estrutura ainda não foi necessária. Para lidar com a demanda atual, o município ampliou de 49 para 80 leitos clínicos no Hospital Municipal, ou seja, mais 31 leitos exclusivos para atender pacientes com coronavírus. E, recentemente, subiu de 10 para 25 o número de leitos de UTI exclusivos para covid no Hospital Municipal.
E porque a Capital não abriu hospital de campanha? Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), até o momento, 174 novos leitos de UTI foram criados em Porto Alegre somente para covid-19 dentro dos próprios hospitais. Com este cenário, não foi necessária a abertura de hospitais de campanha.