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Distanciamento controlado no RS

Governo do RS acata maioria dos recursos, mas oito regiões ficam na bandeira vermelha

Piratini aceitou os pedidos de flexibilização de dez partes do Estado que estavam com restrições mais altas no mapa preliminar

20/07/2020 - 21h21min


Fábio Schaffner
Fábio Schaffner
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Após colocar 90% do Estado sob bandeira vermelha na sexta-feira (17), no mais grave alerta de risco da pandemia, o governador Eduardo Leite divulgou nesta segunda (20) um mapa bem menos restritivo. Ao ingressar na 11ª semana de distanciamento controlado, o Piratini estipulou ressalvas a apenas oito das 20 regiões.

O novo cenário mostra uma situação paradoxal. Até semana passada, o Rio Grande do Sul tinha 10 territórios sob bandeira vermelha, ante 76% de ocupação das UTIs. Agora, com esse índice subindo para 78% e um discurso cada vez mais enfático das autoridades, caiu o número de regiões em alerta crítico para contaminação por coronavírus.

De acordo com a transmissão feita por Leite via redes sociais, seguem sob bandeira vermelha Porto Alegre, Canoas, Capão da Canoa, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Palmeira das Missões, Passo Fundo e Taquara — os últimos quatro tiveram recursos indeferidos. Todas são reincidentes no alerta de risco. No total, são 132 municípios onde a quarentena deve ser mais intensa, com 6,6 milhões de gaúchos (58% da população) sob recomendação de confinamento.

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Em contrapartida, o gabinete de crise deferiu os pedidos de reconsideração de 10 regiões. Retornam para a bandeira laranja Santa Maria, Santo Ângelo, Santa Rosa, Santa Cruz do Sul, Uruguaiana, Erechim, Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Ijuí e Lajeado.

Novas regras terão participação de prefeitos

O governador começou seu pronunciamento fazendo uma defesa do modelo de bandeiras concebido pelo governo e lembrou que não fosse a ampliação no número de leitos de UTIs – de 933 para 1,6 mil -, a rede hospitalar já teria entrado em colapso. A partir da próxima semana, ele pretende discutir com prefeitos e associações de municípios novas regras para o isolamento, com maior autonomia às autoridades locais. Em breve desabafo sobre as críticas às sucessivas paralisações da atividade econômica impostas pelas regras de convivência, salientou que a proposta tem objetivos exclusivamente sanitários. 

— Nunca se propôs que fosse um modelo de retomada da economia. É um modelo de distanciamento controlado — afirmou. 

De acordo com o tucano, um indicador revela com eloquência o avanço da pandemia no Estado: a relação direta entre leitos livres e leitos ocupados por pacientes covid nas UTIs gaúchas. Há um mês, em 21 de junho, havia 2,4 vagas para cada maca ocupada. Agora, essa relação é três vezes pior, com 0,88 leito livre para cada doente grave internado com a doença.

Ainda assim, o gabinete de crise aceitou as ponderações de 10 regiões, analisando as condições circunstanciais da pandemia em cada faixa do território. Nas Missões, Santo Ângelo, Cruz Alta, Ijuí e Santa Rosa se beneficiaram de uma redução nas hospitalizações, estabilidade no número de óbitos e indicadores mais tranquilos na relação leitos livres para leitos ocupados e no índice de internações proporcional à população. 

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Em Santa Maria e Uruguaiana, o quadro é semelhante. O volume de mortes e internações é considerado baixo nas duas regiões, porém Leite alertou para a necessidade de atenção constante ao comportamento da pandemia, sob risco de uma restrição mais severa já na próxima semana.

Em Erechim, a melhoria foi verificada sobretudo na proporção de casos ativos para casos recuperados, com o número de infectados caindo de 71 para 50, ante um avanço de 159 para 201 no grupo dos curados. Em Cachoeira do Sul, houve queda brusca nas internações, de 11 para 3. Em Santa Cruz do Sul, não foram registrados óbitos na última semana e em Lajeado, a oferta de leitos permitiu a progressão para bandeira laranja. 

Apesar de o gabinete de crise ter alcançado o maior volume de concessões desde que pedidos de reconsideração começaram a ser julgados, Leite conclama prefeitos e moradores para que ajudem na conscientização da necessidade de menor convívio social. 

—  Estar em bandeira laranja não significa que seu município esteja absolutamente tranquilo. A responsabilidade deve ser compartilhada.

Diferenças entre bandeira preta e lockdown

O agravamento da pandemia no Estado e a ameaça de uma restrição ainda maior à circulação de pessoas suscita dívidas sobre as diferenças entre a bandeira preta, o mais rigoroso modelo de distanciamento social estabelecido pelo governo do Estado, e um eventual lockdown. Embora não haja um protocolo específico concebido para lockdown no Rio Grande do Sul, é possível estabelecer algumas simetrias. Confira:

Bandeira preta

No serviço público, apenas atividades de segurança, saúde, coleta de lixo, tratamento de água e esgoto, bem como fiscalização atuam com 100% das equipes. Nos serviços em geral, apenas funerárias, operadoras de telecomunicações e tecnologia da informação trabalham com capacidade máxima.  

Praticamente todo o comércio fecha, funcionando apenas os serviços essenciais, como farmácias, supermercados e postos de combustível, os dois últimos com 50% dos trabalhadores e entrada restrita.

Restaurantes só podem operar com tele-entrega e no sistema pegue e leve, com 25% dos funcionários. Hotéis têm apenas 30% dos quartos. Todo o transporte público tem restrições.

A indústria atua com até 75% da capacidade, desde que em ações emergenciais relacionadas à pandemia. Outros setores têm restrição de até 75% no emprego de mão-de-obra.

Lockdown

Ainda não há uma normativa oficial para guiar um eventual fechamento da Capital ou do Estado. A prefeitura de Porto Alegre e o Palácio Piratini não estabeleceram parâmetros mais rigorosos do que os estabelecidos em bandeira preta. Todavia, onde foi implementado, o lockdown funcionou basicamente com um conceito: é proibido sair à rua. São raras as exceções.

Trabalhadores só podem sair de casa se atuarem em atividades consideradas essenciais. Praticamente toda a atividade econômica é paralisada e o transporte público, bloqueado. Viagens são suspensas e as cidades passam a ter rigoroso controle de fluxo para quem chega e quem vai embora. Para a população em geral, é permitida apenas circulação de quem estiver indo comprar mantimentos ou tiver de sair de casa por razão de saúde. A fiscalização torna-se mais rigorosa e implacável, com multas pesadas a quem descumprir as regras de confinamento. 


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