Zona Sul
Com risco de queda de caixa-d'água, moradores de condomínio na Restinga passam noites em salão de festa
Condôminos aguardam laudo do fabricante do reservatório para retornar aos apartamentos
Os moradores do condomínio Jardim Paraíso, no bairro Restinga, zona sul de Porto Alegre, temem pelo pior: a queda de uma caixa-d'água de 30 metros de altura. A estrutura começou a balançar durante a ventania que atingiu a Capital na noite do último sábado (26), obrigando cerca de 240 pessoas a deixarem seus apartamentos. A torre metálica fica no pátio da quadra H entre dois prédios de cinco andares.
— Naquela noite, olhei pela janela e vi a caixa-d'água balançando muito. Só pensava que iria cair na minha cabeça. Logo chamamos os bombeiros e a Defesa Civil. Toda a estrutura parecia que dançava com a ventania — relembra Fabiana Pereira Costa, técnica de enfermagem e moradora do local desde 2012.
A Defesa Civil constatou o problema ocasionado em consequência do vento. Os moradores dos dois prédios precisaram deixar seus apartamentos e procurar abrigo na casa de parentes e amigos. A torre de cinco andares de um condomínio vizinho, do outro lado da rua, também foi interditada. Conforme o diretor-geral da Defesa Civil de Porto Alegre, coronel Evaldo Rodrigues de Oliveira Júnior, foi oferecida a oportunidade de montar um abrigo provisório, mas não houve interesse.
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— Se com moradores no prédio já aconteceu de apartamentos serem invadidos e arrombados com pertences dentro, imagina vazio. Fica mais fácil de arrombar e entrar. Alguns conseguiram carregar alguns pertences, outros acabaram saindo apenas com um mochila e com os filhos no colo — conta Fabiana, que está na casa da mãe.
Desempregada desde o início da pandemia, devido ao diabetes, a auxiliar de serviços gerais Sandra Dias não teve para onde ir. Ela e os quatro filhos, de 25, 14, 13 e seis anos, estão passando as noites no pequeno salão de festas do condomínio. Durante do dia, ela aproveita para monitorar o apartamento localizado no térreo de um dos prédios.
— Estamos desde sábado tudo meio amontoado, acampando num lugar que não é nosso. Toda nossa quadra está sem água e a gente se sente mal ao ficar pedindo emprestado aos vizinhos, por exemplo. É a nossa vida que está em risco — comentou.
Nesta segunda-feira (28), a Caixa Econômica Federal, a construtora Dalmás, responsável pela obra, e a Defesa Civil avaliaram a caixa-d'água e decidiram solicitar um parecer do fabricante do reservatório — o que deve ocorrer nesta terça-feira (29).
— A construtora está aguardando esse laudo. O documento será encaminhado à Defesa Civil e à Caixa. O que foi apurado pelos engenheiros da construtora é que houve vandalismo, foram retiradas as porcas dos parafusos que sustentam a caixa-d'água, aliado à falta de manutenção — disse Rosicler Bondan, da NRA Advocacia Empresarial, representante da construtora Dalmás.
Os condôminos contestam a informação do furto das porcas.
— Em cada uma das quatro chapas que sustentam o reservatório existem dois buracos: um está parafusado e o outro nem sequer o cimento foi perfurado. Está ali para todo mundo ver — diz Fabiana.
O condomínio faz parte do projeto Minha Casa Minha Vida e foi entregue em 2011 aos moradores.