Eu Sou do Samba
Liliane Pereira manda um recado para quem critica o samba
Colunista escreve nas edições de quinta-feira do Diário Gaúcho
Então é Natal. E o que você fez? Durante toda a minha infância e juventude, a música há tantos anos cantada por Simone nunca tinha me impactado. Essa semana ouvi e refleti sobre essa frase. Em 2020, ela parece ter ganho um significado diferente.
É natural que a gente faça um balanço da vida na época de festas de final de ano. Principalmente em um ano como esse, que vai ficar no topo da lista dos mais difíceis para todos nós.
Embora com tantas adversidades, temos que reconhecer que muitas pessoas e instituições despertaram para a solidariedade. E nas escolas de samba, que sempre foram, por si só, um local de conforto para tantas pessoas que não tinham como ir aos clubes pagos, essa semente brotou ainda mais.
É preciso dizer que as escolas e seus integrantes tiveram suas rendas reduzidas a zero com a pandemia, assim como muitos. Sem ensaios, eventos, shows, sem emprego. Mesmo assim, grande parte delas não se apequenou quando o assunto foi ajudar quem precisa.
Preconceito
Justo elas, tão criticadas por uma parcela da sociedade que acredita que samba e Carnaval servem somente para estimular a vagabundagem – entre outros predicados preconceituosos.
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Elas, que, muitas vezes, sequer conseguem pagar suas próprias contas e são compostas por pessoas que ganham pouco e também passam dificuldades, fizeram mutirões para arrecadar e distribuir alimentos, quentinhas, roupas, brinquedos e outros itens solicitados pelas comunidades mais periféricas, onde a ajuda só chega pelas mãos de quem realmente as conhece.
Essas agremiações, que estão abertas o ano inteiro sem falhar com seu público e dando a eles um lugar para se reunir, se divertir e estar com suas crianças, recebem de pessoas que ignoram a importância dessas entidades críticas massacrantes quando, por exemplo, são contempladas por verbas ligadas à cultura. Ou, quando obtêm algum apoio do governo.
Prestam auxílio a pessoas em situação precária, enquanto tanta gente que poderia ajudar e tem muito mais condições, fica de braços cruzados. Para essas pessoas, eu gostaria de dizer: então é Natal. E o que você fez?