Gravataí
Pacientes reclamam de dificuldade para conseguir consultar em postos de Gravataí
Moradores relaram dificuldade em conseguir agendar consultas por meio do telefone em diversas unidades. Prefeitura confirma defasagem nas equipes de várias unidades
Quem mora em Gravataí e precisa procurar atendimento em um dos 29 postos de saúde da cidade tem passado por apuros. Usuários do sistema público relatam dificuldades em marcar consultas por meio do telefone, pois quando conseguem completar a ligação, já não há mais fichas disponíveis.
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Além disso, a falta de médicos em algumas unidades, seja por atestado ou afastamento em razão de estarem no grupo de risco da covid-19, dificulta o processo ainda mais. Não bastasse isso, o município tem de oferecer metade das consultas que os clínicos gerais poderiam atender, pois a outra metade precisa ficar reservada para pacientes que apresentarem suspeita de infecção pelo coronavírus.
Há cerca de dois meses, a dona de casa Márcia dos Santos Silvério, 48 anos, consultou na Unidade Básica de Saúde Bonsucesso, no bairro de mesmo nome, onde ela mora. Saiu do atendimento com uma lista de exames que deveriam ser feitos e apresentados no consultório assim que prontos. Até hoje, entretanto, ela não conseguiu marcar um nova consulta. Segundo Márcia, no dia para efetuar a marcação, nas quartas-feiras, as tentativas de ligações iniciam antes mesmo do horário marcado, que é às 13h.
— Antes das 13h, ficamos ouvindo uma gravação. Depois, só chama e dá ocupado. Quando a gente consegue completar uma ligação, recebemos a informação de que as fichas já acabaram. Aí, estou com exames para mostrar e não consigo atendimento — relata Márcia.
Concurso
Outro morador, do bairro São Jerônimo, relata o mesmo problema. Com medo de ter ainda mais dificuldade nas ligações, ele prefere não se identificar. Atualmente, ele tenta marcar consultas na UBS Cohab B. O paciente relata que menos de 20 fichas são ofertadas semanalmente, enquanto a demanda é bem superior a isso:
— Tem posto que só tem um médico e a prefeitura não repõe. Também tem médico que fica de manhã num posto e de tarde em outro — acredita ele, explicando os motivos pelos quais não consegue marcar consultas.
A prefeitura de Gravataí chegou a fazer um concurso para chamar novos profissionais. No pleito, homologado no ano passado, foram 29 aprovados. Entretanto, só oito clínicos gerais chamados seguem trabalhando no município.
— Temos muita dificuldade para preencher essas vagas do concurso. Então, tentamos substituir com profissionais terceirizados, mas não temos conseguido terceirizados para contratos de 20 horas semanais — explica Reisson Ronsoni dos Reis, assessor jurídico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Gravataí.
Sete vagas em aberto
Conforme a SMS do município, as unidades de saúde, sejam UBSs ou Unidades de Saúde da Família (USFs), possuem equipes estão compostas por profissionais concursados, terceirizados ou ainda vindos do programa Médicos pelo Brasil, do governo federal.
Entretanto, a prefeitura explica que "questões fortuitas e imprevisíveis, tais como adoecimento, demandam acionar os terceirizados", que nem sempre preenchem as vagas. Além da "ausência de profissionais aprovados em concursos para assumir as funções de afastamento definitivo". A SMS diz que há, na atenção básica, oito profissionais em situação de afastamento, temporário ou definitivo — sendo que ao menos três deveriam retornar ao trabalho durante esta semana.
Contudo, além destes profissionais, a prefeitura tem defasagem de sete clínicos gerais. As vagas são nas UBSs Bonsucesso, Centro, Cohab A, Cohab B, São Geraldo, São Judas Tadeu e Vila Branca.
Hora extra
— Na UBS Bonsucesso há uma médica clínica terceirizada. Nas outras, têm se compensado com horas extras quando os médicos aceitam. Cada médico pode atender seis pacientes por hora, mas metade disso, que são três vagas, têm de ficar reservadas para suspeitas de covid-19 atualmente. Então, temos tido ainda mais dificuldades — contextualiza Reisson.
Por isso, a melhoria na atenção básica de Gravataí passa não só pela contratação de mais médicos, mas também pela necessidade de arrefecimento da pandemia e retorno à normalidade, o que ainda não está tão próximo.