Coleta interrompida
Após operação do MP que investiga fraude em contratos com terceirizadas, lixo se acumula pelas ruas de Cachoeirinha
Decisão judicial suspendeu contratos com duas empresas que prestavam serviço de limpeza urbana

O lixo se acumula pelas ruas de Cachoeirinha, na Região Metropolitana. O mau cheiro e a grande quantidade de moscas chamam a atenção. Desde sábado, não há recolhimento na cidade. O motivo é a suspensão dos contratos com as duas empresas terceirizadas alvos de investigação que prestavam o serviço na cidade.
Operação do Ministério Público realizada na quinta-feira (30) apura suspeita de corrupção envolvendo terceirizadas e integrantes da prefeitura. O prefeito Miki Breier foi afastado do cargo por 180 dias, por suspeita de receber propina em dinheiro entregue em malas e sacolas.
O vice-prefeito, Maurício Medeiros, que assumiu o cargo, disse que a segunda colocada na licitação que acabou sendo vencida por uma das empresas investigadas foi chamada e aceitou executar o serviço.
— Na sexta-feira, a empresa ainda recolheu o lixo. Estamos sem recolhimento desde sábado. Os caminhões da nova empresa estão vindo de São Paulo — relata Medeiros, que diz que o serviço será retomado nesta quarta-feira (6).
Leia mais
Coleta do lixo é suspensa em Cachoeirinha após operação do Ministério Público
Alvo de operação do MP, prefeito de Cachoeirinha é afastado do cargo
Prefeitura de Cachoeirinha realiza pagamento atrasado, e merendeiras retomam trabalho
Foram suspensos por decisão judicial os contratos com as empresas de coleta manual e mecanizada. Como a prefeitura firmou apenas um contrato, a mesma empresa vai recolher o lixo que é colocado em frente às casas e também nos contêineres. O contrato é provisório até realização de nova licitação.
Segundo Medeiros, a prefeitura tem usado três caminhões-caçambas para apenas recolher os excessos.
A reportagem do DG percorreu as ruas de Cachoeirinha. Na Rua Marau, bairro Bom Princípio, a comerciante Noeli Alves, de 70 anos, reclamava dos resíduos que transbordavam num contêiner.
— Desde sábado eles não levam o lixo. Antes levavam todos os dias. É um absurdo. Tá um fedor aqui e vai piorar — lamentava a comerciante.
No bairro Vista Alegre, na Avenida José Brambila, havia sujeira ao lado dos contêineres e lixo espalhado pela via.
— Uma vergonha. A gente precisa de alguém que nos ajude. A prefeitura não está fazendo nada por nós — reclamava o aposentado Edilberto Aguiar de Oliveira, 65 anos, que disse que em 40 anos como morador do bairro não tinha visto algo semelhante.
Na avenida Flores da Cunha, também havia contêineres de lixo lotados. Mas em algumas esquinas se via outros vazios, sinal de que os caminhões-caçambas priorizaram a via principal da cidade.