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Vale do Caí 

Cão comunitário de Capela de Santana é encontrado em cidade vizinha, após 20 dias de abandono 

Quinha é o segundo animal resgatado; Bernardão segue desaparecido 

11/10/2021 - 21h56min


Tiago Boff
Tiago Boff
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Polícia Civil / Divulgação
Quinha foi encontrada em São Sebastião do Caí, vizinha de Capela de Santana

Desaparecida desde 21 de setembro, a cadela Quinha – um dos três cães comunitários que viviam na prefeitura de Capela de Santana – foi encontrada na cidade vizinha de São Sebastião do Caí, no Vale do Caí. O resgate ocorreu neste domingo (10), após um telefonema de um morador do município, que alertou sobre a presença do animal vagando na localidade de Campestre Santa Terezinha. Uma protetora da região acolheu o cachorro até a chegada da Polícia Civil.  

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Segundo o escrivão Jonatan Maciel, o animal estava "debilitado", "magro, em razão de estar na rua sem alimento" e "cheio de carrapatos". O investigador acredita que o último cão que segue com paradeiro desconhecido possa estar na mesma área. 

— Parece que o Bernardão foi visto junto da Quinha, caminhando no mesmo bairro — detalha. 

Quinha foi levada de volta a Capela de Santana e entregue à Helena Terezinha Colling, da ONG Anjos de Quatro Patas. A presidente da entidade ficará como fiel depositária. 

— Ela está bem. Vou levar pro banho, pois veio muito suja. Agora é procurar pelo Bernardão — afirma a cuidadora sobre o único animal que segue com paradeiro desconhecido. 

A estratégia de busca pelos cães inclui depoimentos da vizinhança e de quem convivia com os animais no pátio da prefeitura. Cartazes com as fotos do trio foram espalhados, o que ajudou a localizar, além de Quinha, o cão Chocolate, resgatado na primeira semana de outubro.  

Maus-tratos  

No último dia 30, imagens de câmeras de segurança foram entregues pela Brigada Militar à Polícia Civil. Um micro-onibus da Secretaria da Saúde de Capela de Santana pode ser visto, com a silhueta de um cachorro, no mesmo dia em que os animais deixaram de ser notados pelos moradores que revezavam nos cuidados. O veículo teve sua planilha de registros alterada.  

À polícia,  a Secretaria de Saúde informou que o ônibus levou pacientes até Porto Alegre pela manhã, retornando ao Vale do Caí no início da tarde. Depois disso, não teve autorização para uma nova viagem. Há, segundo o escrivão Jonatan Maciel, uma "discrepância" entre a quilometragem anotada e o odômetro do automóvel:

— Tem 47 quilômetros que não estão anotados, e pelas imagens vimos que o micro-ônibus regressou até a cidade uma hora depois da saída. 

Comerciantes interrogados pelos policiais dizem ter visto o trio de cachorros às margens da RS-122, rodovia na mesma região, o que reforça duas suspeitas: os três animais foram transportados juntos, e a contradição no que deixou de ser documentado visava ocultar o crime de maus-tratos e abandono.   

Dois servidores foram identificados, e serão indiciados pelo crime de maus-tratos, segundo o delegado Alexandre Quintão, responsável pelo inquérito. Um terceiro criminoso também foi apontado, ainda sem identificação. Eles podem pegar de 2 a 5 anos de cadeia pelo ato. 

Não há confirmação de quem ordenou o transporte, e a participação do prefeito Alfredo Machado (Progressistas) é investigada. A reportagem de GZH tenta contato com o político desde que o caso se tornou público, mas ele se nega a dar entrevistas. 

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