Litoral Norte
Ressaca arrasta passarela de acesso à praia em Tramandaí; outras duas são danificadas
Escombros que restaram após o mar avançar até as dunas no final de semana foram retirados nessa segunda-feira (13)
Uma retroescavadeira andava de um lado para o outro na tarde desta segunda-feira (13) na beira da praia de Tramandaí, retirando os escombros que restaram após o mar avançar até as dunas neste final de semana, provocando estragos.
Os moradores de Tramandaí até estão acostumados com as ressacas do mar, fenômeno comum no inverno, mas não lembram de terem visto um episódio com tantos prejuízos.
— Todo o inverno tem uma ressaca forte, mas fazia tempo que não tinha um estrago desse - disse Rafael Ruschel, 30 anos, proprietário de um quiosque erguido no calçadão de Tramandaí.
Por sorte, os prejuízos se limitaram à beira-mar. Três passarelas de acesso à faixa de areia foram danificadas - enquanto uma chegou a ser levada pela água, as outras duas ainda restam em pé, só que bambas, além de deslocadas da área onde foram erguidas.
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Além disso, buracos e rachaduras são vistos no calçadão construído há cerca de quatro anos pela prefeitura, próximo ao letreiro colorido, comprometendo o cartão postal da cidade.
Mas o maior estrago se esconde atrás dos tapumes erguidos bem ao fim da Avenida da Igreja, principal acesso que liga a cidade à praia. Havia um muro de contenção ali, entre as dunas e a faixa de areia, cuja função era justamente a de deter o mar. Parte foi destruída, coisa de 40 metros de extensão, reduzindo-se a blocos de concreto. Eram essas ruínas que a retroescavadeira recolhia.
A destruição chateou a aposentada Iloise da Rosa, 57 anos, que há 14 mora em Tramandaí. Acostumada a caminhar na beira da praia, ficou desolada quando viu que as passarelas tinham sido danificadas.
— Fazia um ano que as passarelas tinham sido arrumadas. Cheguei aqui e me deparei com essa destruição - lamentou.
Aproveitou para recolher conchas do mar, que, segundo ela, surgem em tamanhos maiores quando a ressaca é mais intensa.
— Na ressaca que teve em 2020, as conchas eram bem maiores que essa - disse.
Com o mar mais calmo nesta segunda-feira, Dennys Vieira, 43 anos, caminhava com seu cachorro Boris pela Avenida Beira-Mar para checar o cenário. Morador do quinto andar de um edifício de frente para o mar, disse que o pior momento foi na madrugada de domingo(12), quando chegou a acordar com o barulho do vento. Quando amanheceu e abriu a janela, se deparou com as ondas gigantes - de acordo com a Marinha do Brasil, passaram dos três metros de altura no litoral sul do país.
Em alguns pontos da avenida, garante Dennys, as ondas chegaram a avançar até a calçada.
— São cenas raras, a gente fica espantado - disse.
Funcionária de uma imobiliária também situada na Beira-Mar, Pabíola Silva Walter, 35 anos, ouviu dizer que o que vem nos próximos dias pode ser pior. Mas o falatório não se confirma. De acordo com a Climatempo, o ciclone extratropical não deve mais provocar ressacas, pois já está em alto-mar.
— Que Deus nos proteja. Mar alto é normal, mas sem essa violência - disse Pabíola.
Os prejuízos em Tramandaí foram estimados em R$ 300 mil. As passarelas serão reformadas pela própria prefeitura. Para reconstruir o calçadão e o muro de contenção, será necessário fazer licitação para contratar empresas especializadas, o que deve ocorrer nos próximos dias.