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Escola da Capital enfrenta falta de profissionais e turno reduzido em turma de maternal

Situação tem gerado transtornos para os pais, que têm de adaptar suas rotinas ou conseguir ajuda para buscar os pequenos 

01/09/2022 - 06h00min


Jefferson Botega / Agencia RBS
Alguns pais contam com o apoio de familiares e conhecidos que ficam com as crianças

A falta de profissionais para atender os alunos tem feito o turno ficar reduzido em uma das turmas de maternal da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim Camaquã, na zona sul de Porto Alegre. A reclamação parte dos pais, que acabam tendo de adaptar suas rotinas de trabalho, contar com o apoio de conhecidos para buscar as crianças na escola ou contratar pessoas para isso.

Essa é a realidade, por exemplo, da gerente de loja Tuane Medina Cabrera, 31 anos. Ela tem duas filhas na escola: Julia, três anos, e Sofia, seis. A menor frequenta a turma em questão, o maternal 2. Por conta de seu horário de trabalho, Tuane tem ajuda de conhecidos para buscar as meninas, que costumavam sair no mesmo horário. Mas, por volta de abril, as aulas do maternal 2 começaram a terminar às 15h30min por não haver professor para a parte da tarde. Antes, os alunos podiam ficar no local até as 19h. Assim, Tuane precisou de uma ajuda redobrada, de pessoas que pudessem ir duas vezes na escola.

— Quando não é minha sogra, é meu tio. Quando não é meu tio, é meu vizinho, que é um conhecido meu, daí ele busca às vezes. Ou então peço para meu marido, daí ele também tem que se deslocar do serviço dele.

O turno reduzido também interfere na rotina da cabeleireira Iohana Prudencio Pereira, 32 anos, mãe dos gêmeos Miguel e Davi.

— Eu, no momento, estou pagando uma pessoa, eu nem poderia estar desembolsando esse valor, que pega (os gêmeos) na escola para mim e fica com eles até às 19h.

Tanto Tuane quanto Iohana reclamam, ainda, dos avisos de mudança de horário das aulas chegarem com pouco tempo de antecedência. Na quarta-feira da última semana, os pais foram avisados no próprio dia, por volta das 7h (horário em que a escola começa a receber as crianças), de que não haveria aula – uma professora estava com sintomas de virose, conforme a diretoria informou, em mensagem.

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Sem solução 

Esse tipo de informação chega por meio de um grupo que a escola mantém com os pais no WhatsApp. No momento, segundo as mães entrevistadas, o grupo está fechado para administradores e apenas uma das familiares pode enviar mensagens. É Cristine de Lima Bacoff, 32 anos, colaboradora da OAB. Ela é madrasta de um aluno de três anos e sente que o tempo fora da escola acaba impactando no aprendizado do garoto, que está em uma idade de criar rotinas e se adaptar a isso.  

Para conversarem sobre as demandas e as rotinas das crianças — a turma tem 20 alunos —, ela criou outro grupo, hoje com 19 responsáveis pelos pequenos. Os pais já tiveram reunião com a diretoria da escola e tentaram contato com a prefeitura e a Secretaria Municipal da Educação de Porto Alegre (Smed). Cristine ressalta que apenas alguns pais tiveram resposta pelo e-mail da Ouvidoria. 

— Retornaram dizendo que estavam contratando, estavam chamando novos professores, que estariam tentando regularizar a situação e tudo mais, mas isso já faz algum tempo — lembra ela. 

O pai do garoto, Adelson, que é autônomo, também sente o dia a dia prejudicado. A sogra, Marlene, é quem, com frequência, busca Pedro na escola. Em alguns casos, porém, Adelson ou Cristine já tiveram de faltar ao trabalho para ficar com o pequeno.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Na família de Adelson e Cristiane, a avó Marlene é quem, com frequência, busca o neto na escola, que fica na Zona Sul

— Só posso aceitar trabalhos próximos à região de Porto Alegre mesmo, não posso nem arriscar ir muito para a Zona Norte porque, se eu não chegar para dar o suporte para minha sogra ali depois que ela pegar o Pedro, vai ficar ruim — explica Adelson.

Na quarta-feira (31), os alunos não tiveram aula devido ao momento de alinhamento pedagógico dos professores, que ocorre uma vez por mês. Cristine e Adelson entendem que, na condição atual, acaba sendo mais um dia sem aula para as crianças, prejudicando os pequenos e também os familiares.

Prefeitura afirma estar em busca de monitores 

Contatada, a diretoria da escola preferiu se manifestar por meio da Secretaria Municipal de Educação. A pasta confirmou que falta um monitor que fique até as 19h na turma, "visto que a relação criança-adulto nesta faixa etária exige a presença de dois adultos por turma (um monitor para cada 10 crianças)". Atualmente, segundo a secretaria, a turma tem apenas um monitor nesse período.

A pasta reforçou que, na condição atual, o problema seria como escolher as 10 crianças que poderiam ficar até o horário limite, tendo em vista que todas teriam esse direito. E pontuou que os alunos da turma não estão desassistidos porque, pela lei, é dever oferecer turno integral de, no mínimo, sete horas, e isso tem sido garantido no momento. Sobre soluções, a secretaria afirmou que "entende a preocupação das famílias" e que, recentemente, foi lançado o chamamento de novos monitores no Diário Oficial de Porto Alegre

A expectativa é de que, "nas próximas semanas, a situação possa ser regularizada, conforme os novos profissionais se apresentem para ingresso na Rede Municipal de Ensino".

Produção: Isadora Garcia



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