Evento inédito
O que deu certo e o que pode melhorar nas próximas edições da Oktoberfest da Orla, em Porto Alegre
Domingo ensolarado favoreceu a presença do público no segundo e último dia de programação à beira do Guaíba
O domingo (23) de sol e calor atraiu novamente milhares de pessoas até a orla do Guaíba, que neste fim de semana se transformou em uma versão porto-alegrense de Munique. Pessoas de todas as idades e de diferentes cidades ocupavam o gramado e as esplanadas do trecho 1 — alguns com copos na mão, outros com chapéus germânicos — no segundo e último dia de Oktoberfest da Orla.
Ao se aproximar da Usina do Gasômetro, já era possível ouvir as músicas alemãs, tocadas por bandas típicas. O público, por sua vez, curtia e dançava animado. Conforme o sol começou a se esconder, mais visitantes chegavam e, aos poucos, iam lotando o espaço e se reunindo nos quiosques com enfeites que remetiam à cultura alemã.
Na outra ponta, entre bandas típicas, o palco 2 reunia jovens e amantes de pop rock, apresentando outras opções para quem queria curtir a tarde com chope e outros estilos musicais.
A reportagem de GZH caminhou pelo evento neste domingo e conversou com frequentadores, que destacaram pontos positivos e aspectos a serem melhorados nas próximas edições da festa que passará a ser realizada anualmente em Porto Alegre.
O que deu certo
A avaliação geral dos visitantes foi positiva. Para a técnica em enfermagem Fernanda Tavares, 26 anos, e o supervisor de planejamento e controle da produção Rodrigo Souza, 24, o evento foi uma boa iniciativa. Na opinião do casal, além de ter a estrutura necessária para acomodar a festa e unir as pessoas, como a Orla, a cidade estava precisando. Deste modo, como também enfatizaram outros frequentadores, não será mais necessário se deslocar até Igrejinha ou Santa Cruz do Sul para vivenciar uma Oktoberfest.
— Vai ser uma boa pedida para os próximos anos, se tiver um mês inteiro melhor — afirmou Fernanda.
Os frequentadores elogiaram a organização do evento e as atrações escolhidas. O público não apenas presenciou, mas participou da programação, como a recepcionista de eventos Roselei Karlinski, 43 anos, que dançava ao som das músicas alemãs com a mãe Salete, 71. Ela veio de Viamão para curtir a festa e achou tudo “maravilhoso” — com destaque para o chope gelado.
No outro palco, descansando ao lado de sua bicicleta, a compradora Jéssika Rocha, 31 anos, apreciava o ambiente e alguns chopes. Ela já aguarda as próximas edições do evento.
— Estou gostando demais, Oktoberfest não tem como não gostar, pode ser em qualquer lugar, é muito bacana a festa — ressaltou.
Além de atrair pela cerveja, o evento teve também a adesão de famílias, que levaram até mesmo animais de estimação e elogiaram a segurança, reforçada por policiais, e o ambiente propício para crianças — é o caso da consultora de crédito imobiliário Daiana Nunes, 35 anos, que veio acompanhada da filha de seis anos, do namorado e da família para aproveitar a tarde.
Diretor executivo da GAM3 Parks, empresa responsável pelo evento, pelo Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia) e pelo trecho 1 da Orla, Fabrício de Medeiros afirmou que a primeira edição do evento superou as expectativas de público. Neste domingo, a organização esperava ultrapassar o número de visitantes do sábado (22), em função do dia ensolarado. Para o primeiro dia, eram esperadas de 40 a 50 mil pessoas, e no segundo, de 50 a 60 mil.
— Ficamos muito felizes. Fizemos todo um trabalho para bem receber todos os visitantes com segurança, com banheiros químicos, com ambulância. A gente conseguiu, junto com os parceiros da Orla, restaurantes, bares e quiosques, trazer gastronomia e bebida típica, e trazer bandas alemãs e grupos de dança, tudo nesse evento gratuito — destaca Medeiros.
O que pode melhorar
Um dos pontos a melhorar citados pelos entrevistados foi a distância entre os dois palcos, que acabou deixando-os bastante afastados — algumas pessoas sequer sabiam que havia dois pontos com atrações, e outras destacaram que preferem uma concentração. Conforme Medeiros, o objetivo era levar o evento a toda a Orla e evitar aglomerações em um ponto específico, como tradicionalmente ocorria no Gasômetro, permitindo que as pessoas pudessem caminhar.
A gastronomia alemã foi outro fator que deixou a desejar, na visão dos visitantes. Apesar de as barracas de bebidas estarem visíveis, muitos não encontraram facilmente a comida alemã, que estava sendo vendida nos bares e restaurantes, e sentiram falta de estandes comercializando apenas comidas típicas. O diretor executivo da GAM3 Parks explicou que cada estabelecimento preparou seu prato típico, desde linguiças e joelho de porco a chucrute, e que alguns visitantes podem não ter perguntado sobre eles, apesar da divulgação realizada antes do evento.
— Existe, sim, a possibilidade de fazer uma barraca específica somente para comida alemã. Como foi a primeira vez, digamos que foi um soft opening, estamos desenvolvendo um aprendizado para sempre melhorar e realmente ser uma referência de Oktoberfest em todo o Estado, como é em Igrejinha e Santa Cruz do Sul — acrescentou.
O sol, problema que aflige a Orla há bastante tempo, também tornou o cenário mais desafiador. No início da tarde, com sol forte, as pessoas se aglomeravam nas poucas sombras que encontravam. Alguns sentiram falta de mais mesas e guarda-sóis, para além daqueles disponíveis nos bares e quiosques.
— Estamos vendo de aumentar alguma infraestrutura realmente pela questão do sol. Hoje tinha muita gente na grama sentada, curtindo mesmo com sol, tinha um ventinho agradável, mas esse retorno é bom, porque estamos colhendo feedback para ampliar as estruturas para bem receber os visitantes — pontuou Medeiros.
Ainda em relação à infraestrutura, a baixa disponibilidade de banheiros também foi um fator que atrapalhou quem estava bebendo. As poucas unidades concentravam filas em determinados momentos devido ao alto número de pessoas, como admitiu o diretor.
— Para o próximo ano, a perspectiva é de aumentar, pois esta edição superou a expectativa da quantidade de pessoas, mas esses picos de uso com certeza dariam essa necessidade de mais banheiros — disse.
Próximas edições
A GAM3 Parks pretende repetir a Oktoberfest em 2023 na Orla e ainda desenvolver uma segunda edição do evento no mesmo ano — a grande Oktoberfest de Porto Alegre, no Parque Harmonia, com uma estrutura maior com palcos e pavilhões temáticos. Tudo servirá de preparação para as comemorações do bicentenário da colonização alemã em 2024.