Seu Problema é Nosso
Com ajuda de campanha solidária, bebê com doença no crânio passa por cirurgia
Família de Bento Linde Padilha Pereira contou com doações e venda de rifas para pagar a anestesia e uma das equipes que fizeram o procedimento
Hoje aos sete meses, o pequeno Bento Linde Padilha Pereira, do bairro Rio Branco, em Canoas, se recupera de uma cirurgia feita no crânio. Devido a uma doença chamada craniossinostose ou cranioestenose, o menino teve um fechamento precoce dos ossos da cabeça. O tratamento recomendado pelos médicos era cirúrgico.
A história foi contada pelo DG em 9 de dezembro do ano passado. Na época, a família buscava R$ 10 mil para pagar a anestesia e a coparticipação do plano de saúde, além dos remédios e consultas necessários após a operação.
O valor completo não foi alcançado, mas cerca de R$ 3 mil foram arrecadados. Segundo a mãe, a professora Francine Linde, 31 anos, o dinheiro ajudou a pagar a equipe de anestesia, que custou R$ 5 mil. Ela e o pai do menino, o consultor de vendas Lucas Padilha Pereira, 31 anos, têm conseguido dar conta dos outros custos. Como o garoto evoluiu bem na cirurgia, de acordo com a família, os gastos têm sido menores do que o esperado.
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No dia
O procedimento ocorreu em 14 de dezembro, no Hospital da Criança Santo Antônio, da Santa Casa de Porto Alegre. A mãe conta que o menino foi internado um dia antes e que o processo foi "bem difícil" porque Bento estranhou o local e o tempo de jejum.
Por volta das 14h, começou a cirurgia, durando quatro horas. Depois que saiu, o bebê foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
— Na UTI, foram dois dias bem longos e angustiantes. Mas o que nos deixou contentes e no que acreditávamos muito era que a evolução dele, a cada hora, era cada vez melhor — lembra Francine.
Ao todo, foram cinco dias no hospital. Após a operação, Bento tem passado por consultas com pediatra, que são cobertas pelo plano de saúde da família, e com o neurocirurgião facial — cada uma no valor de R$ 600.
Vendo hoje o pequeno, os pais se alegram. Francine destaca:
— Estamos muito aliviados. Parece que saiu um caminhão de cima das costas de cada um, porque agora ele está 100%, agora é vida normal e não temos preocupação.
Lucas: "Transformou as nossas vidas"
A família iniciou uma campanha em setembro de 2022, assim que soube dos custos do tratamento do filho. Por meio de rifas, de doações e de ajuda de um grupo solidário, Francine e Lucas conseguiram o valor inicial de R$ 41 mil.
Desse total, R$ 40 mil foram destinados ao pagamento da equipe de neurocirurgia facial, uma das que participaram do procedimento. O restante ajudou com gastos durante a internação. Na reportagem de dezembro, a mãe do bebê falou sobre a quantia que precisavam para os custos finais.
Ao longo de toda a campanha, a solidariedade de familiares, amigos e desconhecidos se fez presente.
— Essa situação transformou as nossas vidas e o nosso futuro, porque o Bento vai ver isso. Vamos comentar e passar para ele todo o amor que recebemos. Então é muito legal e importante a contribuição de todo mundo — pontuou Lucas.
Para famílias que estão convivendo com a doença no dia a dia, a dica de Francine é que não parem no primeiro profissional. E Lucas acrescenta: manter a fé, reforçar a esperança e buscar apoio.
Saiba mais
/// A descoberta da doença ocorreu quando Bento estava entre o segundo e o terceiro meses de vida.
/// A indicação médica era de que a cirurgia deveria ser feita "idealmente no primeiro ano de vida", conforme escrito em relatório. Não realizar ou adiar o procedimento poderia gerar "sequelas para o crescimento e o desenvolvimento do paciente".
/// Correndo contra o relógio, Francine explica que o receio de buscar o procedimento pelo SUS e por via judicial era em relação ao tempo que levaria.
Produção: Isadora Garcia