O dia 18 de março será marcado como uma data especial no calendário de 29 associados da Cootravipa. É que neste sábado eles participarão da sua cerimônia de formatura dos ensinos Médio e Fundamental. 

Durante o último ano, os trabalhadores tiveram a oportunidade de participar da primeira turma do EstudaMais, projeto criado pela cooperativa para incentivar integrantes que não terminaram os estudos a concluírem esta etapa essencial da vida. 

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Conforme a presidente da Cootravipa, Imanjara de Paula Marques, a entidade já tinha iniciativas para ajudar associados a ingressarem no Ensino Superior, mas faltava esse elo para possibilitar a quem também não terminou a escola ter essa chance.

—  O intuito é capacitar essas pessoas para que elas ganhem mais espaço dentro da própria cooperativa. Como estamos crescendo e indo para outros ramos, queremos gerar mais oportunidade para quem já está aqui — explica Imanjara.

O EstudaMais começou como um projeto, mas em 2023 já se tornará um programa interno permanente da cooperativa. Depois da turma que se forma neste sábado, outros 35 alunos esperam para começar um novo ciclo de aprendizado. As aulas oferecidas vão desde a alfabetização até o Ensino Médio. Os associados podem escolher até que etapa seguem.

— Alguns concluíram o Fundamental e pararam. Outros seguiram e fizeram também o Ensino Médio. Também havia aqueles que já tinham o Médio incompleto, então, fizeram a conclusão pelo EstudaMais — conta a presidente da Cootravipa.

Seleção

A iniciativa se deu através de uma seleção da cooperativa, que escolheu uma instituição de educação privada para ministrar as aulas. 

Além dos momentos em sala de aula, para garantir a permanência dos estudantes, foram fornecidos kits escolares completos, com mochila e materiais escolares, além de passagens de ônibus para que os trabalhadores fizessem o deslocamento até o local das aulas. 

Como foi iniciado em março do ano passado, o curso teve momentos também com aulas online, em razão da pandemia. Mesmo em horário de expediente, os associados podiam estudar. 

Próxima de completar quatro décadas de existência, a Cootravipa é conhecida por criar oportunidades de trabalho, em especial, para aqueles que são tidos como à margem da sociedade. Com quase 3 mil cooperados, a iniciativa atua nos serviços de varrição, serviços gerais e jardinagem, e conta com setores espalhados por nove pontos de Porto Alegre. 

Incentivo foi essencial

Para dois estudantes e associados da Cootravipa, a iniciativa foi uma oportunidade única. Além do incentivo e apoio recebido durante o curso, os formandos já pensam nos próximos passos dentro da cooperativa. Trabalhando na coordenação de contratos, Guilherme Veiga Nunes, 35 anos, iniciou a jornada no local como motoboy, há nove anos. Para o morador da Lomba do Pinheiro, na zona leste da Capital, a iniciativa foi surpreendente:

— Tive todo suporte que nunca tive no passado, em outros locais que trabalhei. Aqui, a gente não tem que escolher entre estudar ou trabalhar, como eu já tive que fazer no passado.

Na formatura, além da esposa e da mãe, Guilherme convidou colegas de trabalho que ele afirma serem muito importantes na jornada, pois lhe incentivaram a retomar os estudos. Agora, o rapaz já tem pensado na faculdade. Gostaria de seguir o caminho da gestão, seja de pessoas ou empresas. 

— Ainda estou estudando as possibilidades, mas é muito saber que posso crescer aqui mesmo na cooperativa — comemora ele.

Objetivo de continuar estudando

Operadora de casa de bombas na Cootravipa, Vera Nice Weirich Beretta, 53 anos, tentou concluir os estudos pela Educação para Jovens e Adultos (EJA). Mas acabou tendo de largar os estudos no meio do caminho, em 2016. 

Desde então, esperava uma nova oportunidade surgir. E ela veio com EstudaMais. Comunicativa, a moradora do bairro Nova Alvorada, na cidade de Alvorada, está radiante com a conclusão dos estudos. E o fez com objetivo certeiro:

— Eu fiz pra terminar o Ensino Médio, porque quero fazer a faculdade. Ou de Administração ou na área da saúde.

Para Vera, o auxílio durante o percurso foi essencial para que ela se mantivesse firme nos estudos até a conclusão.

— Hoje, a gente trabalha e o dinheiro quase não sobra, então, acaba não tendo pra se locomover. Com esse apoio que tivemos também das passagens, foi muito bom — comemora a formanda.