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Em falta ou em quantidade reduzida

Distribuição de itens para alimentação de pacientes por sonda e de fraldas geriátricas está irregular em postos de saúde de Porto Alegre

Prefeitura promete regularizar a situação na próxima semana; enquanto isso, família de idosa acamada precisa reutilizar equipamentos e usar recursos próprios para garantir materiais

13/03/2023 - 21h46min


André Malinoski
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Inês Ketzer / Arquivo pessoal
Maria Neusa, 81 anos, está acamada desde 2017 devido a um AVC

Equipamentos como potes e equipos, necessários para pessoas acamadas e dependentes de alimentação via sonda, estão com a distribuição irregular em unidades de saúde de Porto Alegre. Também seguem os relatos de problemas no repasse de fraldas geriátricas, o que a reportagem do DG mostrou em setembro do ano passado. A prefeitura da Capital garante que as duas situações estarão normalizadas a partir da próxima semana.  

— A fralda até damos um jeito, mas o alimento não tem como colocar para quem usa sonda. Está faltando o equipamento para alimentação e água dos acamados — angustia-se Inês Ketzer, 65 anos, moradora do bairro Costa e Silva.

Inês cuida de forma permanente da mãe, Maria Neusa Lopes Matias, 81 anos, que necessita usar fraldas geriátricas desde o dia 2 de setembro de 2017, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).  

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Desde então, a idosa vive em uma cama e depende da ajuda dos familiares. Ela tem o lado direito do corpo paralisado, não consegue falar e recebe alimento com auxílio de sonda. Com os itens em falta, a filha reage:

— Quero saber onde está a verba da prefeitura para a compra dos itens dos acamados.

Em fevereiro, Inês diz ter recebido 12 unidades de equipos e 18 potes na Unidade de Saúde Costa e Silva, local onde costuma retirar o material mensalmente, situado no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Em março, apenas 20 unidades de equipos e sete potes foram entregues a ela. A acamada necessita de, no mínimo, 30 equipos e de outros 30 potes por mês.

— As moças do posto me disseram que a prefeitura não está repassando o material suficiente para todos os acamados — relata Inês.

Às 12h de sexta-feira (10), GZH entrou em contato com a Unidade de Saúde Costa e Silva e foi orientada a procurar a prefeitura (veja a íntegra da nota enviada ao fim deste texto). A alegação foi de que o pedido pelo equipamento em falta já havia sido realizado pela unidade de saúde, mas que a solicitação não havia sido atendida e ninguém soube informar quando isso aconteceria. 

A reportagem ainda apurou que o problema ocorre em outras unidades de saúde da Capital. Contatada, a unidade Chapéu do Sol, por exemplo, confirmou que sequer recebeu materiais este mês. E a Beco do Adelar informou que recebeu com atraso e que alguns itens ainda estão em falta.

Há poucos dias, a ida de Inês à Unidade de Saúde Costa e Silva resultou em nova decepção:

— Fui lá e voltei com sete potes. O que faço com sete potes em 31 dias?

Dessa maneira, o material acaba sendo reutilizado várias vezes, o que não é o ideal. Na casa da família, o equipamento é lavado com água fria e depois passa por esterilização dentro de uma panela de água quente. Em seguida, volta a ser utilizado pela idosa. O processo se repete até o item entupir ou perder a funcionalidade.

Em relação às fraldas geriátricas, a reclamação é sobre a inconstância na distribuição no Postão do IAPI, onde Inês retira este material específico para a mãe.

— Pegamos 150 unidades de fraldas por mês. Normaliza alguns meses e volta a cair novamente em outros — afirma, salientando que foi informada pelo posto, na sexta-feira (10), da disponibilidade apenas de fraldas no tamanho pequeno.

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A mãe de Inês usa fraldas tamanho GG, e a filha conta que é necessário tirar dinheiro do próprio bolso para garantir os itens:

— Tenho que complementar e compro.

A reportagem contatou o Postão do IAPI mas não obteve retorno. 

O que diz a prefeitura

A prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), respondeu, nesta segunda-feira (13), por nota, o que tem motivado os problemas em relação à falta dos equipamentos para os acamados e a irregularidade na distribuição das fraldas geriátricas. 

Confira, abaixo, a íntegra do texto:

"Com relação aos equipamentos para acamados, a Secretaria Municipal de Saúde informa que o pregão para adquirir estes equipamentos teve um prazo de duração maior pois os participantes precisaram apresentar provas dos produtos (necessário para garantir a qualidade dos equipamentos). Por este motivo, para manter o fornecimento aos pacientes, foi reduzido o quantitativo enviado - não para um mês, mas para menos tempo - até a chegada de novos equipamentos. Quanto às fraldas geriátricas, a compra foi solicitada, mas houve um descompasso administrativo que gerou a redução momentânea dos estoques. As duas situações estarão resolvidas a partir da próxima semana".


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