Papo Reto
Manoel Soares indica um site: pc.rs.gov.br/desaparecidos
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Essa semana, eu vivi o que é o maior medo de uma pai e uma mãe. Meus dois pequenos, de três e quatro anos, abriram o portão e simplesmente saíram. São duas crianças com autismo que não falam. Quando minha mulher e meus outros filhos se deram conta, bateu um nível de desespero que graças à serenidade deles não foi dominante. Todos sabiam exatamente o que fazer na hora, mas com os nervos à flor da pele. E olha que minha mulher e meus outros filhos têm um padrão de cuidado com as crianças que é exemplar. Mas quem tem criança pequena sabe que eles simplesmente conseguem nos cegar e, em segundos, fazem exatamente o que não pode ser feito.
Depois de alguns minutos, meu filho Alex, que saiu de carro em busca deles, encontrou os dois, que foram rematados por vizinhos e pessoas que passavam e viram duas crianças sozinhas. Nossa família ainda está sob o impacto da experiência assustadora. Em cada um de nós, a possibilidade de perder nossos pequenos bateu em um lugar diferente, mas uma coisa ficou nítida para todos: o máximo cuidado com criança ainda é pouco.
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Estou contando isso aqui porque nossos pequenos parecem super espertos. Eles têm umas sacadas que parecem gente grande, mas não são. São crianças e precisam de nossa constante vigilância. Quanto mais crescem e ganham autonomia, mais temos que ficar ligados. Sei que a tendência natural é fazer deles crianças com obediência incondicional e assim, teoricamente, vão fazer tudo que mandarmos, mas, na prática não é assim. Fora que bloqueamos impulsos de iniciativas em nossos filhos que farão falta no futuro.
Nós somos os anfitriões deles nesse planeta e temos que garantir que nossos convidados sejam bem tratados e felizes. Eu ainda estou em choque, por alguns minutos vivi a dor que alguns pais vivem há anos, a dor de não saber onde está seu filho. Aos pais que vivem esse inferno, minha solidariedade mais real. Se puder visite o site: www.pc.rs.gov.br/desaparecidos e veja se conhece alguém. Sua visita no site pode levar alívio para uma família.