Seu Problema é Nosso
Alagamentos frequentes impactam moradores de Alvorada
Prejuízos vão de perda de móveis até faltas em consultas médicas
Desespero é o sentimento que a dona de casa Miriam Nogueira, 34 anos, define ter sentido ao ver a água invadindo a sua residência durante o temporal que atingiu o Estado em janeiro. Essa não foi a primeira vez que ela vivenciou a situação. Isso porque, para os moradores do bairro Aparecida, em Alvorada, inundações são frequentes e afetam a comunidade há mais de 20 anos.
Apesar de conviver com o problema durante todo esse tempo, ela observa que os últimos meses têm sido mais difíceis.
– A minha casa sempre alagou, mas a situação piorou de um tempo para cá. A água chega a bater no joelho, é um horror – resume.
A noite do dia 16 de janeiro, marcada por fortes chuvas, deixou a família de Miriam desabrigada. Ela, que vive na Rua Maria Quitéria, relata que a residência alagou de forma rápida, sobrando pouco tempo para proteger os bens:
– Tentamos levantar alguns móveis, mas, rapidamente, o nível da água subiu e começou a ficar perigoso. Então, preferimos não arriscar e saímos na hora.
Perdas
A moradora e o filho Lázaro Nogueira, seis anos, buscaram abrigo na casa de familiares. Apenas no dia seguinte puderam retornar ao local para ter uma dimensão do prejuízo. Ela acredita que os danos ultrapassam R$ 5 mil.
– Perdi muita coisa nesse temporal. Meu roupeiro, que eu tinha ganhado havia duas semanas, se desmontou inteiro, que nem papel. Também perdi meu sofá, o armário da cozinha e roupas – recorda.
No dia da enchente, ela utilizava o celular para iluminar o interior da residência – já que estava sem energia. Contudo, o aparelho acabou caindo na água e parou de funcionar.
Sem geladeira
A geladeira também ficou danificada. Ela e o marido tentaram erguê-la, mas não deu tempo e a água atingiu o motor. Um técnico recomendou que o equipamento permanecesse desligado por três dias para tentar recuperá-lo. No entanto, o eletrodoméstico não está mais funcionando em plena capacidade.
– Não gela como antes e, às vezes, ela para de funcionar do nada – explica, comentando, também, sobre a quantidade de alimentos perdidos devido à falta de refrigeração.
Ilhado e sem consulta médica
O locutor Juliano Gonçalves Cardoso, 36 anos, vive na Rua São Manoel e enfrenta dificuldades para sair com os alagamentos, que impedem a passagem tanto de veículos quanto de pedestres. As fortes chuvas que ocorreram no mês passado preocuparam o leitor porque, pela primeira vez, o interior de sua residência quase ficou inundado.
– A minha casa já foi construída de forma que ficasse mais alta, por isso nunca alagou. Mas, nesse último temporal, a água quase invadiu aqui também – lembra, contando que o nível chegou a atingir os três degraus que levam à entrada.
Com as ruas do bairro inundadas, Juliano conta que já ficou ilhado diversas vezes. E, inclusive, em alguns casos precisou faltar ao trabalho por conta disso. Recentemente, devido aos alagamentos, ele não pôde comparecer a uma consulta médica que aguardava havia dois meses:
– Tive que entrar para a fila de espera de novo para uma consulta com o clínico geral. Provavelmente terei que esperar por mais dois meses.
Solicitações
O morador alerta para uma possível contaminação, já que a água que invade o local está em contato com rejeitos e com o esgoto. E, mesmo quando a chuva cessa, demora dias para escoar totalmente.
A inundação, conforme explica Juliano, é causada pelo entupimento dos bueiros. O locutor afirma que já fez diversos pedidos à prefeitura solicitando a manutenção. Ele conta que uma equipe visitou o bairro há um mês e prometeu a desobstruir as bocas de lobo dentro de dois dias, mas isso não ocorreu.
Enquanto o serviço não é realizado, lixo se acumula no local, bloqueando a passagem de água e tornando a situação ainda mais complicada:
– A gente vê sacolas, lixos domésticos, tudo que é coisa nos bueiros. Está cada dia pior.
Ocupação irregular impede trabalhos
A prefeitura de Alvorada diz ter pavimentado as ruas Maria Quitéria e São Miguel, no bairro Aparecida. Mas alega que há desafios para a manutenção, devido a moradias irregulares ao longo da extensão de um arroio que deságua no arroio Feijó.
Essa ocupação dificulta o acesso das máquinas e impede a limpeza, causando os alagamentos. Questionada sobre as medidas para resolver este impasse, não respondeu até o fechamento da edição.
Produção: Nikelly de Souza