Papo Reto
Manoel Soares e o 9 de março
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Quando eu estava pensando no que escrever para vocês, Dinorá, minha esposa, chegou perto de mim na cama e disse: “Escreva sobre o 9 de março”. Cheguei à conclusão que ela tem razão, essa é uma data pouco popular quando falamos da luta das mulheres. A impressão que dá é que a sociedade gastou toda consciência sobre a condição da mulher no dia 8 de março e não sobrou nada para o dia seguinte.
As mesmas pessoas que mandaram mensagens de força e admiração às mulheres as ignoram no dia seguinte. Tratam as condições e situações das mulheres como algo irrelevante.
Quantos de nós, homens, sabemos o que é puerpério? Quantos de nós entendemos os impactos hormonais da menopausa? Quantos de nós entendemos sobre ciclo menstrual? Quantos de nós sabemos qual é o absorvente ideal para nossa companheira? Quantos de nós aliviamos a barra de nossa colega de trabalho que é mãe solo? Quantos de nós liberamos uma funcionária mais cedo em um dia da semana para que ela tenha um tempo para ela? Quantos de nós, homens, nos colocamos, de fato, no lugar de uma mulher?
A verdade é que, para muitos de nós, ser chamado de “mulherzinha” na infância era um xingamento, ser comparado a uma mulher, hoje, é ofensa. Quantos de nós se sentiriam bem usando um vestido? Sim, porque nossa esposa usa nossa camisa e bermuda e não se sente ofendida, mas nós, homens, achamos inconcebível usar uma roupa delas, por quê? Por que isso faria de nós um pouco mulher? E ser um pouco mulher é tão ruim assim? Por quê?
Será porque achamos que ser mulher é ser menos? Será? Bom, se você chegou até aqui, este texto já tem bastante reflexões para o 9 de março. Bom fim de semana!