Seu Problema é Nosso
Depois de quase ser interditada, escola pública no Menino Deus está passando por reforma e à procura de alunos
Em 2023, a comunidade da Escola Estadual Euclides da Cunha se mobilizou para impedir o fechamento da instituição que, atualmente, atende 64 jovens. Como medida para atrair estudantes, foi implementado, neste ano, o turno integral e o Ensino Médio
A pilha de tijolos na calçada e a placa de “obra do governo do Estado” avisam quem passa pela Rua Barão do Cerro Largo, no bairro Menino Deus, na Capital, a boa nova: a Escola Estadual Euclides da Cunha está em reformas. A melhoria da estrutura visa preparar a instituição para receber novos alunos e oferecer as condições adequadas para o ensino integral, implantado este ano. Atualmente a escola, que tem capacidade para mil alunos, conta com apenas 64 estudantes, distribuídos entre os anos finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º) e 1º ano do Ensino Médio.
A unidade de ensino completa 85 anos em 2024. Uma das pessoas que faz parte da história do local é a auxiliar de serviços gerais Karla da Cunha, 48 anos. Ela e a irmã foram estudantes da Euclides da Cunha, depois, seu filho, e, agora, as filhas adolescentes. As jovens entraram na escola nos anos iniciais e viram a oferta de séries diminuir.
— A história do fechamento da escola deu um sacode grande aqui. É uma escola pública, em um bairro excelente, que recebe muitos jovens das regiões de classe mais baixa do entorno, como o Santa Tereza e a Vila Cruzeiro — enfatiza Karla.
A renovação do espaço e a implementação do último nível do Ensino Básico foram medidas instituídas para garantir a continuação das atividades da escola, que corria o risco de fechar.
União para escola permanecer aberta
A entidade, que em outros tempos contou com Jardim de Infância, enfrentou uma debandada de alunos na última década que provocou a redução gradual das turmas. Com a pandemia, a perda de estudantes e funcionários se acentuou. Os problemas de infraestrutura também se agravaram.
Até que, em outubro do ano passado, foi determinado pela Coordenadoria Regional de Educação que a instituição deveria ser interditada por causa de um muro que ameaçava desabar. A notícia foi recebida com indignação pela comunidade escolar. Para a equipe diretiva, a interdição parcial do pátio garantiria a segurança de todos, sem que fosse necessário fechar a escola, já que o muro fica em uma parte mais isolada do terreno.
Na tentativa de reverter aquele cenário, a diretora Fabiana da Silva, 45 anos, acionou os pais, e a movimentação para salvar a escola começou de forma instantânea. Gestores, responsáveis e alunos da escola levaram a reivindicação de não interditar totalmente a instituição à Secretaria de Educação do Estado (Seduc).
A pesquisadora Márcia Regina Godoy, 53 anos, é mãe de uma das estudantes da Euclides da Cunha e lembra que foi uma corrida contra o tempo:
— Nós tivemos uma reunião na Seduc e fomos recebidos por um batalhão de servidores. A gente perguntou: “Vocês conhecem a escola?”, e eles não conheciam. Trouxemos eles aqui e viram que não fazia sentido o fechamento.
A partir disso, foi determinada a interdição somente da área do muro e garantida a permanência dos estudantes. Apesar dessa vitória, o problema da falta de alunos ainda preocupava a diretora Fabiana. Por isso, a mobilização de reuniões com a Seduc continuou e firmou-se a promessa de investimentos na escola, além da inclusão do Ensino Médio e implantação do turno integral.
Nesse momento, as quadras, banheiros, auditório e fiação do prédio estão passando por reformas. Também foi instalada uma sala de jogos para o descanso dos alunos.
Pais, responsáveis e alunos interessados em fazer a matrícula podem buscar informações na secretaria da escola.
Produção: Caroline Fraga