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Seu problema é nosso

Projeto precisa de ajuda para reconstituir faces de crianças africanas

Grupo necessita do valor da passagem para dois estudantes de odontologia, um cirurgião-dentista e um laboratorista. 

04/09/2024 - 05h00min

Atualizada em: 04/09/2024 - 10h43min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Arquivo pessoal / Reprodução
Adriana (D) é especialista em próteses bucomaxilofaciais.

Ajudar crianças do outro lado do oceano. Esse é o objetivo do projeto da ONG Kids Salvation, que leva próteses faciais e tratamentos dentários à Angola. Porém, para realizar essa ação, a iniciativa conta com a solidariedade do lado de cá. Isso porque é necessário arcar com os custos das passagens da equipe. 

A ideia do projeto foi da cirurgiã-dentista Adriana Corsetti, 46 anos, após uma série de vivências. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Adriana é responsável pelo projeto de extensão Reabilitação e Prótese Bucomaxilofacial da Faculdade de Odontologia, que constrói próteses de boca, maxilar e face para pessoas em vulnerabilidade social. Sabendo disso, representantes da ONG Criança Feliz Angola, que realiza tratamentos dentários na cidade de Lubango, convidaram a cirurgiã para compor a equipe que visitaria o local em 2023. 

— Fui com um grupo de cirurgiões-plásticos, vasculares, otorrinos. Atendemos as crianças desse projeto e, além disso, fomos ao hospital e fizemos cirurgias bucomaxilofaciais. Assim, triei os pacientes que precisavam de próteses — relata a professora.

As necessidades de próteses eram diversas: havia crianças sem nariz, dentes, maxilar e com desfigurações faciais. No entanto, Adriana não tinha levado os materiais necessários para realizar os procedimentos. Então, com vontade de ajudar, a professora formou uma equipe com outro cirurgião-dentista, dois alunos de graduação e um laboratorista.

Estava tudo certo: o grupo tinha um patrocínio para arcar com os custos da viagem e partiria em outubro deste ano rumo a Lubango. Porém, a enchente que assolou o Estado em maio atrapalhou os planos. A empresa que pagaria as despesas foi inundada e não pôde mais participar do projeto. Agora, a equipe luta contra o tempo em busca de recursos. Uma das passagens já está garantida, por doação de uma empresa em anonimato, então, são necessárias quatro, cada uma custando em torno de R$10 mil. A alimentação será por conta de cada integrante do grupo e a acomodação foi concedida pelo hospital da cidade. 

Capacitação

Para unificar a iniciativa, Adriana criou, em parceria com o cirurgião plástico Leandro Gontijo, do Instituto Mineiro de Cirurgia Plástica, a ONG Kids Salvation, que carrega o propósito de ajudar as crianças africanas a reconstruírem suas faces. 

As próteses são feitas de resina ou silicone, produzidas em laboratório. Por isso, Adriana pretende levar um laboratorista na equipe, para confeccioná-las a partir dos moldes feitos à mão. Além disso, os estudantes da graduação farão atendimentos para tratar cáries e outros tipos de problemas odontológicos.

Outro foco do projeto é capacitar os profissionais de lá para que eles sigam o trabalho com as crianças no futuro.

— Nossa ideia é ensinar e mostrar que prevenção é importante. Nós estaremos em uma comunidade que não tem acesso a coisas básicas que têm no Brasil. Queremos fazer a reabilitação, tratar as patologias, mas também ensinar os profissionais a intervir — descreve Adriana.

"Não tem dinheiro que pague"

Cristian Teixeira, 28 anos, é um dos alunos que estará presente na equipe. Ele tinha o sonho de trabalhar no programa Médicos Sem Fronteiras, porém, ao optar pela odontologia como área de atuação, não achou que fosse possível realizar um trabalho parecido. Agora, ele vê nessa viagem uma forma de fazer o bem por meio da profissão que escolheu:

— É muito emocionante você poder fazer um trabalho, levar um pouco do conhecimento que tem para outras pessoas e ajudar. É uma gratidão ter essa oportunidade de levar recursos e instruções.

Adriana também menciona o sentimento de gratidão por conseguir realizar esse trabalho no Brasil e em outros continentes: 

— Eu faço isso há muitos anos aqui, no Brasil, e é extremamente gratificante. Acho que não tem dinheiro que pague. Por anos eu paguei tudo do meu próprio bolso e estava tudo certo. Agora a gente também quer ajuda pra poder continuar ajudando.

Como ajudar

/// Doações de qualquer quantia podem ser feitas para a vaquinha no site www.vakinha.com.br/5027385.

*Produção: Elisa Heinski


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