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Solidariedade

Professora de dança precisa de ajuda para custear viagem para Nova York

Aline Centeno recebeu uma bolsa do Open Jar Institute para um curso de verão de teatro musical nos Estados Unidos. Porém, tem que arcar com os custos do transporte e hospedagem.

09/09/2024 - 17h14min

Atualizada em: 09/09/2024 - 17h18min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Alisson Lüdtke / Divulgação
O sonho de dançar de Aline vem de sua mãe.

Cleusa era bailarina clássica, mas, pelas dificuldades impostas pela vida, sendo uma mulher preta e periférica, teve que largar a arte para procurar um emprego formal. Contudo, o desejo de ter uma filha que carregasse seu sonho para os palcos pulsava em seu coração. E foi assim que Aline Centeno, incentivada pela mãe, começou a dançar em um projeto social com três anos de idade. Agora, aos 25, Aline é professora de dança e foi selecionada para um curso de teatro musical em Nova York. Para conseguir aproveitar a oportunidade, ela conta com a solidariedade para arcar com os custos dessa viagem. 

A primeira experiência da professora com a dança foi no Andreia Braga Beal Projeto de dança na Escola, na Restinga. O local aceitava crianças a partir dos cinco anos, mas, por insistência de Cleusa, Aline foi recebida no projeto.

— Minha mãe conversou com os representantes e comentou que eu era uma criança quietinha, comportada, e eles me aceitaram no projeto mesmo eu estando abaixo da idade. Fiquei lá por cerca de um ano e meio e depois fui pro projeto Ballet para Todos, onde fiz minha formação até os oito anos de idade, quando ganhei minha primeira bolsa — relembra Aline. 

Desde então, Aline desenvolveu seu amor pela arte. A professora cursa licenciatura em dança na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, na pandemia, se apaixonou pela área de teatro musical:

— Conheci meu namorado na pandemia e, passados alguns meses que conversávamos, ele me encaminhou uma seleção somente para pessoas pretas para um projeto de teatro musical. Foi a primeira vez que soube que existia isso no Brasil e no Rio Grande do Sul. Sempre gostei de musicais, mas não sabia que faziam isso aqui.

Quando percebeu, Aline já estava coreografando peças no Departamento de Arte Dramática da UFRGS. Porém, a vontade de estar nos palcos como atriz segue aumentando.

— Apesar de estar coreografando muitas obras, meu sonho mesmo é ser performer, estar nos palcos, me apresentar. Tem pessoas que dirigem e atuam, mas eu prefiro fazer uma coisa de cada vez. Então, sigo buscando formas de me colocar no palco — descreve Aline.

Curso

Foi pensando nesse desejo que a professora realizou um curso de teatro musical em Joinville, em Santa Catarina, em julho deste ano. A cidade é conhecida internacionalmente pelas dança e as aulas trouxeram um conhecimento para além do esperado por Aline, pois foram lecionadas por professores do Exterior.

— Participei do curso saboreando cada informação que eles traziam. Tínhamos duas horas de aulas de atuação entre as aulas de dança. No último dia, fizemos uma audição simulada, e foi quando soubemos da possibilidade da bolsa em Nova York — relata a professora.

Foram 15 dias de espera pelo retorno do Open Jar Institute, entidade que ela tinha feito a seleção a partir das aulas do curso em Joinville. E, finalmente, a notícia que Aline mais esperava saiu: ela foi selecionada para receber uma bolsa em um curso de verão de teatro musical em Nova York.

— Foi uma alegria receber a bolsa. Pude ver que o que eu estou fazendo está dando resultados. A possibilidade de alguém como eu, que é uma pessoa preta, que vem da periferia de Porto Alegre e que está lutando diariamente para construir esse sonho, ir para um lugar como a Broadway é incrível. Até dois anos atrás, sair do Estado era inviável. Agora, pensar na possibilidade de ir para Nova York é, ao mesmo tempo, muito animador e muito assustador — descreve Aline.

Viver da arte

Porém, infelizmente, o instituto disponibiliza apenas o valor do curso, e os custos com transporte e hospedagem são por conta dos alunos. Assim, Aline criou uma vaquinha para levantar os recursos. Agora, a professora conta com a solidariedade para viver seu sonho, que também é de sua mãe.

— Viver da arte é honrar os meus ancestrais, honrar minha mãe que sonhava a mesma coisa e não pôde viver. A dança é um amor tão grande que é difícil de pôr em palavras. Quando vieram os valores, foi um balde de água fria. É um Everest, porém, de moedinha em moedinha, a gente vai construindo — finaliza a dançarina.

Como ajudar

/// Doações de qualquer valor podem ser feitas no site vaka.me/5058429.

/// A chave pix alinecentenocontato@gmail.com também está disponível para receber recursos.

*Produção: Elisa Heinski



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