Piquetchê do DG
Projeto social ensina chula para a gurizada na Zona Norte de Porto Alegre
A Escola de Chula Felipe Pimentel, do CTG Gildo de Freitas, organiza aulas semanais para atrair a gurizada e transmitir as tradições.


A busca por novos talentos e a missão de divulgar os conhecimentos da cultura gaúcha engajou os integrantes do CTG Gildo de Freitas em um projeto social na zona norte da Capital. Desde março, a Escola de Chula Felipe Pimentel oferece aulas da dança biriva à gurizada do bairro de forma gratuita.
As oficinas são realizadas semanalmente e reúnem cerca de 20 meninos entre sete e 14 anos. A piazada é do próprio bairro ou da região e tem na tradição uma oportunidade de aprendizado e ocupação.
O patrão do CTG, Jacir Santin, avalia que a oficina é uma forma de aproximar as crianças das atividades culturais desenvolvidas na entidade. Para ele, significa abrir as portas do galpão para integrar as pessoas à nossa cultura.
— Hoje os CTGs são muito limitados para quem já é sócio, já dança, já tem uma base. Então qual foi o planejamento? Fazer essas oficinas para trazer o povo, trazer a comunidade aqui para dentro — avalia o patrão.
O chuleador Marcelo Maciel, 46 anos, é um entusiasta e professor no projeto. Ele aponta os desafios de manter as aulas gratuitas. O trabalho dos instrutores, por exemplo, é voluntário e depende da convicção de que se trata de uma boa ação.
— O pessoal tira do bolso o dinheiro dos lanches. E a gente segue buscando alternativas para levantar recursos e investir no projeto. O objetivo é oportunizar que aquelas crianças da comunidade aprendam a chula e conheçam um pouco da cultura — resume.
Aprendizados
Um dos mais jovens chuleadores é o pequeno Taylor Martins Lima, oito anos. Morador do bairro Parque dos Maias, ele também participa das aulas de danças tradicionais, mas diz que gosta mesmo é da chula.
— Por causa do barulho — explica.
Os pais, Marcela Martins da Silveira, 26, e Jonathan Lima, 30, comemoram o engajamento do filho. Desde o ano passado, eles trazem o pequeno e sua irmã para as oficinas de danças tradicionais, e em março, aproveitaram para inscrevê-lo nas aulas de chula.
— É importante para o desenvolvimento e convívio deles. O Taylor era bem tímido e gostou muito da chula aqui. Ajudou na autoconfiança deles e tira (eles) um pouco da frente da tela — comenta Marcela.
Desde que começou a trazer as crianças, a família diz que os hábitos mudaram. Passaram a ouvir música gaúcha e até aprenderam mais sobre o tradicionalismo:
— A gente acha que sabe (sobre nossa cultura), mas esses dias eles participaram de uma palestra e vieram nos falar sobre a origem do mate para nós.
*Produção: Guilherme Freling