Papo Reto
Manoel Soares conta como é a gripe que atinge somente os homens
Para eles, qualquer resfriado é um drama. Já elas...
Alguns vão dizer que quero fazer média com as nossas leitoras, mas alguém já viu homem com gripe? Ficamos à beira do choro, clamamos por carinho e cuidado, é como se o toque das mulheres tivesse o antigripal universal.
Quando homens são incumbidos de cuidar da própria gripe, ficam extremamente magoados, como se fossem abandonados com câncer terminal. As dores nas articulações são insuportáveis. Ao ficar mais de duas horas sem que ela venha nos tocar a testa, temos a nítida impressão de que nosso coração vai parar. Reunimos as últimas forças e gritamos: "Amooooor vem aqui um pouquinho...". Elas vêm com um olhar condescendente e dizem, com afeto: "Oi, meu amor".
Por outro lado, mulheres gripadas fungam, tomam remédio e, às vezes, nos solicitam cuidados. Nos sentimos verdadeiros salvadores quando juntamos pedaços de frango e legumes em uma panela e levamos para elas. Sempre seguindo atentamente as orientações sobre como separar os comprimidos, nos intitulamos maridos exemplares.
A verdade é que nosso 30% de superioridade em força física não nos garante a condição de verdadeiros heróis das gripes delas. Termômetro em 39°C nos causa pânico. Diferentemente de nós, elas raramente caem com gripe. A principal causa de queda das mulheres é o período menstrual, desdenhado por muitos de nós.
A conclusão que chego é que não sobreviveríamos a uma noite de cólica, se a gripe já nos nocauteia. Quanto ao parto nem vou discutir, porque sinto calafrios quando penso. Esse período de chuvas, frio e gripe do nosso Estado esfrega em nossa cara uma verdade: somos fracos, frágeis e dependentes.