Só se fala noutra coisa
Guri de Uruguaiana comenta sobre a sua infância: "No passado, a gente se estrebuchava brincando!"
Buenas, chê! Nesta semana, chegou ao fim o período de férias escolares para boa parte dos colégios, e eu estava refletindo como isso era diferente na minha infância. Antigamente, a mãe gritava: “Guri, passa já pro teu quarto. De castigo!”. Hoje em dia, é assim: “Guri, sai desse quarto! Pelo amor de Deus, vai brincar na rua.”. Que barbaridade!
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As crianças, hoje, não têm nem anticorpos. No passado, a gente se estrebuchava brincando! Arrancava até o tampão do dedo jogando bola descalço e pegava bicho de pé!
Agora, com oito anos de idade, a criança já coleciona seguidores no Instagram. No meu tempo, nessa idade, colecionava hematomas.
Mas o que mais mudou foram as brincadeiras. Hoje, as crianças só querem saber de joguinhos no celular, na internet e no videogame. Antigamente, a gente passava as férias jogando taco, brincando de esconde-esconde, batendo bola e louqueando ao ar livre.
Bons tempos
Outra coisa: as crianças modernas não têm paciência para nada, querem tudo pronto. Quando eu era pitoco, a gente passava o dia inteiro fazendo uma pipa e, depois, tomava um suador para vê-la levantar voo. Aí, cinco minutos depois, arrebentava a linha… e lá se ia o trabalho de horas e horas. A minha infância, sim, que era bagual!
Causos da Fronteira
O gaudério entra no Bolicho do seu Alaúde e se escora no balcão:
– Tchê! Me vê três doses de cachaça!
O seu Alaúde estranha o pedido, mas serve o vivente, que vira as três doses na sequência.
No outro dia, no mesmo horário, o gaudério repete a cena. E, assim, todos os dias da semana, religiosamente.
Em um dia, curioso, o seu Alaúde pergunta:
– Sem querer ser intrometido, mas, todo dia, tu vens aqui, no mesmo horário, e bebes três doses de pinga. É um ritual, ou coisa assim?
– É que eu tenho dois irmãos. Eles se mudaram para São Paulo. Aí, eu bebo a minha cachaça e mais duas, uma para cada irmão.
Passaram-se os dias, e sempre a mesma cena ocorria. Até o gaudério surpreendeu:
– Tchê! Me vê duas cachaças!
– Ué, duas? Bah! Meus pêsames! Tu perdeste um dos teus irmãos?
– Capaz! Não é isso!
É que eu parei de beber!