Transformação pelo esporte
Voluntário em projeto social vira professor de skate, em Viamão
Skatista, agora, vive das aulas que dá. Iniciativa fundada por ele, prestes a completar dois anos, tem 100 integrantes.
Quando o esporte extrapola os limites da diversão e reúne a comunidade em um projeto social, já existe um grande motivo para comemorar. Agora, o skatista Bruno da Rosa Correia Oliveira, 21 anos, morador do bairro São Tomé, em Viamão, tem novas razões para festejar: conseguiu transformar a diversão em sustento.
Um dos fundadores do projeto Skate na Comunidade, Bruno começou a trabalhar no fim de 2018 na Rede Salesiana Brasil Novo Lar como professor da modalidade. É uma iniciativa pouco comum e motivo de orgulho para o instrutor.
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— A gente vive no país do futebol, mas o skate tem muito a oferecer. Foi a ferramenta que me ajudou a fugir de caminhos errados — conta ele.
Além de oferecer palestras e de dar aulas voluntariamente no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Viamão, agora ele é responsável por ensinar sobre valores, respeito e competitividade saudável. A associação Novo Lar atende crianças do 1º ao 5º ano em situação de vulnerabilidade social. A ideia de incluir o skate no currículo foi da assistente social Perla Menezes e aprovada por toda a direção.
— Trabalhamos com muitos cursos, mas esse é inédito. Para muitos, o skate é algo marginalizado, isso precisa mudar — relata o diretor-executivo, Cleber Abreu.
Objetivos
O professor Bruno, como é chamado agora, ganhou um trabalho e novos objetivos de vida:
— Quero fazer curso de Educação Física e continuar a viver disso.
Bruno começou no skate aos 13 anos, nas ruas do bairro. Depois de alguns anos participando de campeonatos, teve a ideia de organizar, com amigos, uma escolinha por lá. A turma adotou a Praça São Tomé, convidou a vizinhança e deu início ao sonho. Dos 20 alunos iniciantes, hoje o projeto, prestes a completar dois anos, tem cerca de 100 integrantes das mais diversas idades.
— Desde que vim para cá, só aprendi coisas boas. Pretendo continuar andando de skate e também trabalhar com isso — conta Guilherme Silva de Borba, 13 anos, um dos participantes.
Lauren Machado, 11 anos, concorda e conta que participa por estímulo da família:
— Comecei a vir com meu irmão (Vitor, 14 anos) e achei legal. Minha mãe também me incentivou. É uma oportunidade de aprender algo diferente.
O projeto funciona na quadra de esportes da praça. Como o local já é a segunda casa de muitos deles, costuma ser cuidado pela própria galera durante mutirões.
Famílias aprovam as atividades
Enquanto os jovens treinam movimentos e manobras, muitos familiares se acomodam na grama e nos bancos improvisados da praça. Mas mais do que admirar os filhos, querem estar ali para garantir a preservação do projeto. A operadora de caixa Tatiana de Lara, 34 anos, leva as duas filhas, Emily Vitória, 11, e Lara Gabrielle, sete. Diz que o skate virou uma atividade extracurricular das crianças com muitos benefícios.
— Só assim elas saem do celular e fazem algo diferente. Desde que chegaram aqui se mostraram mais interessadas na escola e criaram novos hábitos. Estão bem mais ativas —conta a mãe.
Skate na Comunidade
/// Siga o projeto no Instagram: @skatenacomunidade ou @profbruno_snc
/// Eles estão buscando apoio para aquisição de novos skates e para a construção de uma pista na praça
/// Mais informações com Bruno: 98551–4919
/// O projeto funciona na Praça São Tomé (Rua Aracaju, 179, bairro São Tomé) em Viamão, aos sábados, das 10h às 11h.