O cantor e compositor Telmo de Lima Freitas, 88 anos, morreu na tarde desta quinta-feira (18) em Cachoeirinha. A causa do óbito não foi informada. Ele deixa quatro filhos, além de quatro netos e uma bisneta.

Nascido em São Borja, Freitas é um dos mais representativos nomes da música gaúcha, sendo autor de sucessos como Cantiga de Ronda e Baile de Rancho. Com o título Esquilador, ele venceu a Calhandra de Ouro, maior prêmio da 9ª Califórnia da Canção Nativa, em 1979. Também ganhou, em 2009, o prêmio de melhor compositor e melhor CD regional no Troféu Açorianos com o trabalho A Mesma Fuça. Seu último álbum foi lançado em 2006, nomeado Aparte.

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O artista também foi conselheiro honorário do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), e patrono da Semana Farroupilha em 2009. Nas redes sociais, a presidente do MTG manifestou "seus sentimentos ao familiares, amigos e fãs". Em entrevista à Gaúcha, o compositor e amigo de Telmo, Luiz Carlos Borges, aponta que o músico será lembrando não somente por sua obra, mas também por sua personalidade aberta e seu modo de falar incisivo, que trazia segurança e esperança para quem conversava com ele. 

— Eu tenho a agradecer a Deus à sorte de ter tido o caminho aberto para me encontrar com o Telmo. E dele ter dedicado um carinho especial para mim, algo que eu sei que ele fez com muita gente porque ele era assim, coração grande, aberto — diz. — Ao se despedir de um amigo, um irmão como Telmo abre um rombo no coração da gente, mas deixa algo tão grande na volta, que aos poucos o próprio tempo vai se encarregando de substituir qualquer tipo de mágoa, de tristeza, de dor com a perda em algo bom, por algo saudável apenas do ponto de vista em que a amizade prevalece em tudo — acrescenta. 

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Borges também destaca que o compositor não tentava ser um artista ao lado dos amigos, mostrando-se uma pessoa simples. Relembrou, inclusive, que o disco Jagueretês — onde o gaitero canta músicas de Telmo — nasceu de uma provocação em um churrasco. Ao pedir permissão à Telmo para colocar a canção Piragueiros em seu repertório, o compositor dando outra ideia:

— "Mas porque que tu não grava ao invés de só colocar no repertório?". Eu falei: "É uma boa, de repente eu gravo". Aí ele pegou, cravou o espeto na volta do fogo, voltou com a faca na mão e falou assim: "Tu podia fazer um disco com as minhas canções". E eu brinquei com ele assim: "Mas não diga besteira para louco que eu saio grudado já nessa proposta". Foi tão natural, tão lindo isso.