Noveleiros
Michele Vaz Pradella: "As muitas faces de Tarcísio Meira"
Ator de 85 anos não resistiu às complicações da covid-19
Enquanto eu escrevia sobre Paulo José, veio a notícia da perda de outro monstro sagrado da teledramaturgia. Tarcísio Meira não resistiu às complicações causadas pela covid-19 e deixou o país ainda mais enlutado.
Com uma vida dedicada à arte, a história de Tarcísio se confunde com a história da televisão brasileira. Desde a emblemática cena com o diamante como João, em Irmãos Coragem (1970), o ator foi um dos primeiros galãs da TV, participou de tramas pioneiras e marcou seu nome entre os maiores de todos os tempos.
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Para os gaúchos, ele é a encarnação cênica do Capitão Rodrigo, personagem clássico criado por Erico Verissimo na saga O Tempo e o Vento, adaptada para a televisão em forma de minissérie em 1985. Paulistano de nascimento, nas telas, Tarcísio incorporou um gaúcho com perfeição.
Pense em uma cena marcante da teledramaturgia brasileira. São grandes as chances de você ter lembrado de alguma sequência protagonizada por Tarcísio Meira. Em minha memória afetiva, trago forte a lembrança de Giuseppe Berdinazzi, na primeira fase de O Rei do Gado (1996), enterrando a medalha do filho morto na guerra. Na cena, um pai dilacerado trazia dentro de si a esperança de que o filho brotaria da terra e nasceria de novo. Ali, sozinho diante da câmera, Tarcisão brilhou lindamente e emocionou.
Mas nem só de emoção vive um ator grandioso. Tarcísio provocava emoções que iam do nojo à aversão, como no caso de Dom Jerônimo em A Muralha (2000). Anos depois, causou risos e diversão como o vampiro Bóris, em O Beijo do Vampiro (2002).
É sempre difícil dar adeus a um ídolo. Ficam as boas lembranças de tantos trabalhos que marcaram época e povoaram a imaginação de muitas gerações. Obrigada por tanto, Tarcísio! Fique em paz, Glória.