Estrelas da Periferia
Alex Marx tem o samba-rock nas veias
Com 25 anos de carreira e diversos trabalhos no currículo, músico teve referências de peso dentro da própria família
Morador do bairro Camaquã, na zona sul da Capital, Alex Costa Marques, 41 anos, é um multi-instrumentista com 25 anos de carreira. Com o nome artístico de Alex Marx, ele trabalha como músico de apoio para bandas e cantores — seja no violão, cavaquinho ou qualquer instrumento de percussão. Apesar de tocar um pouco de tudo, o ritmo que está no seu DNA é o samba-rock.
Alex aprendeu a tocar violão com o tio, ninguém menos do que Jorge Moacir da Silva (o Bedeu), irmão de sua mãe. Cantor e compositor aclamado, o porto-alegrense da Cidade Baixa ficou conhecido nacionalmente como um dos expoentes do samba-rock brasileiro. O gênero teve seu ápice nas décadas de 1960 e 1970, e consagrou, além de Bedeu, nomes como Jorge Ben Jor, Erasmo Carlos e o Clube do Balanço.
A família do pai de Alex também não deixa a desejar quando se trata de referências musicais: Lupicínio Rodrigues, outro ilustre porto-alegrense, era irmão de sua bisavó. Quando Alex nasceu, Lupi havia morrido há anos, mas a influência e presença da música em sua família sempre foi gigante. Com Alex, a expressão “a música está em minhas veias”, nunca fez tanto sentido.
Trajetória
Foi nesse contexto que o artista foi introduzido ao mundo da música, nos anos de 1997 e 1998, ainda adolescente, quando entrou para a banda do tio. Se engana quem pensa que a conquista tenha a ver com nepotismo: Bedeu era conhecido por ter uma das melhores bandas do segmento e sempre valorizar músicos de apoio com qualidade. O artista percebeu no sobrinho o talento necessário para viver da música. No ano de 1999, Bedeu faleceu, mas o sobrinho ainda estava só no começo de sua trajetória. Alex tocou com artistas como Claus e Vanessa, Samba Tri, Serginho Moah e Tonho Crocco. Com a música, viajou por várias partes do Brasil.
Hoje, Alex trabalha como freelancer em bandas de apoio para vocalistas. Sua principal parceria é o artista e vocalista Maik Salgado, para quem Alex toca variados instrumentos há dois anos. A união é nova, mas tem sido uma das experiências mais enriquecedoras da vida do artista:
— Com o Maik, a gente toca tudo que é tipo de ritmo, por isso nos damos bem. Além disso, eu troco de instrumentos durante as apresentações. Essa habilidade de mesclar instrumentos e gêneros é muito boa para crescer e aprender.
Alex conta que o estilo inaugurado pelo tio não está em alta. Em seu lugar, o pagode e o samba são preferência dos brasileiros. Como um bom artista, o músico é versátil e consegue migrar entre gêneros.
— Eu trabalho e gosto de diversos estilos musicais, mas o samba-rock é a minha base, a minha referência. Está nas minhas veias — conta ele, que afirma ter como meta levar o legado do tio por onde passar:
— As músicas do meu tio tocam até hoje, mas o pessoal mais novo que ouve não sabe que a música é dele. Não sabem quem é ele, o que ele representou e de onde ele veio.
Mesmo não sendo mais um gênero predominante, como foi antigamente, o artista defende que o samba-rock está presente em todos os outros, por meio de referências e influências. Seu desejo é ensinar para as novas gerações o valor e a importância do gênero musical.
— Muita gente não conhece o samba-rock, ele está muito desvalorizado, mas quase todos os sons que ouvimos hoje na música brasileira tem alguma influência do samba-rock. Ele foi base para muitos artistas e bandas atuais — afirma Alex.
Conselho
Além das influências herdadas na família, Alex tem outro ídolo: Alexandre Pires, o fundador do grupo Só pra Contrariar. Ele conta que começou a sonhar em ser artista se espelhando no ídolo. No ano passado, os dois Alex’s se encontraram. Na ocasião, o músico gaúcho recebeu conselhos do cantor mineiro.
— Ele me disse: “Continue estudando sempre. Não é porque tu tem experiência e porque tu é bom que tu pode parar de estudar. A gente sempre tem algo a aprender” — conta Alex, que diz que repete o mesmo conselho para novos artistas, que sonham ser excelentes instrumentistas:
— Se tu quer tocar mais de um instrumento, tu tem que estudar, não só música, mas aquele instrumento em si. Não adianta saber fazer o básico e dizer que toca vários. É preciso sempre tentar ser o melhor naquilo que tu te propõe.
* Produção: Camila Mendes
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