A Casa Violeta foi, em um primeiro momento, o refúgio encontrado por Joiciane Marques da Silva, 40 anos, que viu sua casa, na Vila Farrapos, em Porto Alegre, ficar submersa durante a enchente que assolou o RS. Foram três meses de acolhimento no local que atualmente foi o responsável por proporcionar uma nova profissão e fonte de renda para a família de Joici. 

O projeto Pulso RS, segundo a assistente de coordenação da Casa Violeta, Paula Porcello, foi oferecido à Casa Violeta em julho, pela Rede Asta – “uma organização social que potencializa nano empreendedores e seus produtos artesanais através de educação, acesso ao mercado e rede de apoio”. Uma vez aceita, a ação se consiste na produção de uma pulseira de crochê, que teve o modelo desenvolvido pela artista Mana Bernardes. 

Para que as mulheres residentes do local pudessem se qualificar para a produção dos acessórios, foram ofertadas 12 aulas de crochê para todas. Porém, apenas seis foram selecionadas para participar, por questões de habilidade e identificação. A cada pulseira feita pelas mãos das gurias, elas ganham R$ 10. 

Paula disse que no mês de setembro a demanda cresceu e as crocheteiras chegaram a lucrar em torno de R$ 3 mil. 

– Foi por causa da renda que eu estou ganhando com as pulseiras, e de uma doação que recebi de móveis, que consegui voltar para casa – conta Joici, que retornou há menos de um mês para seu lar, onde vive com os três filhos, e completa: 

– Tá sendo muito importante participar, porque eu estou conseguindo pagar minhas contas e ajudar meus filhos mais velhos. 

O ganho financeiro é necessário, mas Paula afirma que o projeto é muito maior do que cédulas conquistadas, indo ao encontro, inclusive, do propósito da Casa Violeta:

– A gente trabalha para capacitação profissional dessas mulheres. Queremos que elas sigam suas vidas. A Pulso RS fez com que elas melhorassem até mesmo sua autoestima.

A produção acontece a partir de encomendas feitas diretamente com a Rede Asta, a qual, uma vez demandada, envia os itens necessários para a Casa Violeta – como linha, agulha de crochê etc –, os quais são repassados às mulheres para a fabricação. Quando prontas, as pulseiras são enviadas a São Paulo para a organização, que faz a entrega e é responsável também pelo pagamento das gurias. 

Casa Violeta

Aberta no fim de maio, a instituição foi criada pelas ONGs Me Too Brasil e Instituto Survivor em parceria com o governo estadual, que cedeu o espaço físico. A gestão é feita pelas duas iniciativas e garante o funcionamento diário e multidisciplinar, além de gerenciar as cerca de 25 colaboradoras e voluntárias. Hoje, moram 25 mulheres e nove crianças por lá, mas o número já foi muito maior, alcançando a marca de 80 pessoas. 

A Casa Violeta, como ressaltou Paula, não é um abrigo, é realmente uma “casa”, que garante uma permanência estendida. O contrato de funcionamento é de um ano e ainda não há definição se permanecerá em exercício após esse período.

Caiu no gosto das globais

A divulgação do projeto ganhou tanta dimensão que até famosos, como Glória Pires, Angélica, Giovanna Antonelli, José Loreto, entre outros, fizeram parte de um vídeo que foi publicado nas redes sociais da Pulso RS. Inclusive, Carolina Dieckmann e Leticia Colin desfilaram pelas ruas usando as pulseiras Coragem, Vida e Amor. 

Vendas

“Fé”, “Regenera”, “Vida”, “Amor” e “Coragem”: essas são as cinco palavras que adornam as pulseiras do Pulso RS. A partir de outubro, as vendas das pulseiras passaram a ser, também, no varejo. Ou seja, não precisa ser adquirida em grande quantidade. 

O trabalho talentoso das mulheres gaúchas foi tão longe, que o produto está sendo vendido até em Portugal. 

Os acessórios custam em torno de R$ 35. Mais informações de compra e parceria para vendas podem ser consultadas no site pulsors.com.br ou no Instagram @pulso.rs.